Cuidados na entrevista de emprego – Lado B

Conforme combinado, darei seguimento no assunto “entrevista de emprego” agora sob a ótica do recrutador. Na semana passada abordei os cuidados para o entrevistado, ou seja, o candidato. Se ainda não leu, clique no link Cuidados da entrevista de emprego – Lado A

Começo com o maior de todos os erros! aquele que é líder disparado de reclamações: (1) a falta de retorno sobre os processos. É uma grande falta de respeito não dar o feedback para o candidato sobre sua evolução no processo! Ele tem o direito de saber sobre aquilo que envolve sua vida, suas decisões, sua família.

Escolhi também começar por esse item, não só por ser o mais crítico e frequente, como também por perceber a íntima relação entre esse erro e os erros do início do processo. Explico:

Entendo que antes de convidar alguém para uma entrevista o recrutador precisa fazer um estudo prévio da vaga e do currículo. Quanto mais ele (2) estudar a fundo o perfil da vaga e (3) os currículos recebidos, mais assertividade terá sobre os profissionais que serão abordados em uma (4) pré-entrevista por telefone. Esta pré-entrevista é mais uma triagem, ou seja, mais um momento gerador de assertividade, certificando-se então de que só sejam convidados para entrevistas aqueles aderentes ao perfil. Aqueles não aderentes, ou menos aderentes, já recebem o feedback ao final do telefonema, quando constatados as razões de desalinho. Tudo isso poupará tempo de ambos, evitará a criação de expectativas e o recrutador só terá que dar retornos somente aqueles que ele entrevistou pessoalmente.

Momento da entrevista

É importante o recrutador (5) quebrar o gelo antes do início, afinal a situação de entrevista é sempre estressante para o entrevistado e sabemos que uma pessoa sob estresse pode não conseguir mostrar-se ao todo, esquecendo-se de informações importantes, portanto, conversar sobre amenidades como clima, trânsito, programas de tv, tomar um cafezinho ou uma água – é estratégia interessante. O objetivo é ser simpático e deixar o candidato bem à vontade.

(6) Respeitar o horário é fundamental: horário de início e de fim. (7) não deixar que interrompam: não verificar e-mails, responder WhatsApp, atender ligações. Aquela uma hora (normalmente uma ou no máximo duas horas são suficientes) tem de ser de atenção total no candidato (e seu currículo) e na vaga.

(8) Explore todo o conhecimento técnico e atitudinal do candidato. (9) Faça bom uso das perguntas abertas e das fechadas. Explore toda a experiência, peça por exemplos. Use e abuse das perguntas enquanto o foco está na exploração dos aspectos profissionais. (10) Muito cuidado para tratar questões pessoais. O ser humano é integral, não acredito nessa história de vida pessoal e vida profissional – vida só temos uma, portanto, é difícil conhecer a fundo uma pessoa sem abordar aspectos pessoais. Mas até que ponto é importante para predição de resultados saber sobre suas preferências sexuais, por exemplo? ou seus ideais religiosos ou políticos? se gosta de festas e baladas ou é mais caseiro? Muito cuidado para não invadir a privacidade do indivíduo – lembre-se: ele também está escolhendo a empresa!

(11) Seja transparente nas informações, (12) não minta, (13) não prometa algo que não possa cumprir e (14) forneça o máximo de informações que puder: sobre o cargo, a empresa e as fases seguintes do processo.

Não poderia deixar de fora outro ponto muito importante: (15) os testes psicológicos. Primeiro: não faça uso de testes dos quais você não tenha pleno domínio! Segundo: lembre-se de os testes servem apenas como complemento da avaliação, ou seja, devem ser usados para confirmar as suas impressões sobre os candidatos ou para detectar algum ponto a ser investigado ou desenvolvido.

Após a entrevista:

(16) Siga informando o candidato quanto ao andamento do processo e, quando aprovado o finalista, (1) dê o retorno para todos aqueles que entrevistou.

Quero finalizar lembrando aos Lados A e B que o grande objetivo de uma entrevista é: colocar a pessoas certa no lugar certo! Portanto, não existe melhor ou pior, mas sim o mais indicado ou menos indicado para uma situação em específico. E que quanto mais transparente forem as partes, maior será a chance de acerto, ou seja: realização profissional, qualidade de vida, engajamento, agregação de valor, comprometimento, ética …