Felizes somos por viver em um período onde tanta informação está disponível, na palma da mão, 24 horas por dia.
Para aqueles viveram a censura ou a parcialidade de poucos veículos de comunicação disponíveis, hoje esses se multiplicaram – em velocidade exponencial, como que bactérias em placas de Petri abastecidas de rico BDA e em temperatura favorável -, através dos blogs e vlogs, nas redes sociais, portais e internet de modo geral.
O problema agora passa a ser outro: a qualidade, e até mesmo a veracidade, da informação. Não dá mais para acreditar em tudo que se lê! Antigamente, bastava a matéria ter saído em uma revista ou em um jornal para ser considerada verídica. Lembro do meu cunhado que toda vez que contava uma mentira, de brincadeirinha – é claro, dizia ao final: “é verdade, eu li em uma revista!”, não importava qual, bastava ter sido publicada.
O que acontece é que toda revista, todo jornal, tem um editor e tem um proprietário, e estes têm responsabilidade por aquilo que falam. Se ofenderem a algo ou alguém pode ser responsabilizados juridicamente. Mas hoje, qualquer um pode “sair por aí” difamando, mentindo, enganando pela internet. É claro que estes também podem ser responsabilizados, mas acontece que estão espalhados e escondidos atrás da rede.
Temos que tomar muito cuidado com o que compartilhamos, para não replicarmos bobagens ou mentiras. Compartilhei um áudio com a voz do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que falava mal dos cariocas e da Dilma. Fiquei indignado e compartilhei mesmo: crente de que exercia meu papel de cidadão, ajudando a limpar a política nacional. Até que um amigo me avisou que se tratava de uma brincadeira do Marcelo Adnet. Então questionei: “É verdade? Isso é muito sério!”. E ele me respondeu: “Verdade, mas qual o problema, o Adnet é um humorista e vive imitando as pessoas”. Realmente, o Adnet é um humorista: o problema não foi ele. Em seu canal, fica bem claro que é ele e que se trata de uma imitação. Na minha opinião, o problema neste caso reside na forma com que foi compartilhado: o autor queria apenas debochar do Paes, mas que compartilhou queria difamá-lo.
Separar o joio do trigo nunca foi tão difícil!
Um outro problema em relação a avalanche de informação é a utilidade. Será que realmente precisamos saber de tudo? Primeiro que costumamos confundir informação com conhecimento e segundo que podemos selecionar melhor as fontes e os assuntos.
Informação é apenas a apresentação de um dado ou acontecimento – informação é a previsão do tempo, é o relato de eventos. Já o conhecimento é que fazemos com as informações. A previsão do tempo informa: vai fazer frio, 12 graus pela manhã. Meu conhecimento “diz”: preciso me agasalhar.
Se pararmos para pensar, recebemos muita informação estúpida (ou no mínimo desnecessária). Estava assistindo a um jogo de futebol, quando o narrador trouxe a seguinte informação: “Os dois times já jogaram “x” vezes, o time A ganhou “x”, o time B ganhou “y” e aconteceram “n” empates. Fiquei pensando: do que me serve essa informação? Por algum acaso essa estatística teria o poder de predizer o resultado deste jogo? Claro que não! trata-se de informação útil apenas ao entretenimento, ou pior, apenas para torcedores fanáticos poderem dizer que seu time é melhor que o outro.
Agora mesmo, enquanto escrevo este artigo ouço a televisão gastar uns 5 minutos em uma matéria sobre o preço do feijão. Fico pensando: para que serve este tipo de matéria. Eu não precisava de um jornal para constar o aumento do preço – bastava ir ao mercado -, por sinal, quem é responsável pelas compras já deve ter constatado. Entendam, minha crítica é pelo fato de que o aumento do feijão se deu devido a problemas climáticos que implicaram na pouca oferta do produto, portanto, isso logo tende a se estabilizar. Quero ver por quanto tempo este preço se manterá. 10 dias, 30 dias, quem sabe até 2 meses: mas o fato é que é passageiro. Não se trata de nenhuma ruptura na cadeia produtiva do feijão, e sim de um fenômeno há muito conhecido pelos humanos: oferta x procura, que com a livre economia de mercado, tende a estabilizar-se.
O que agregou para mim esta matéria? nada! A não ser pelo fato de que terei de passar alguns dias sem este legume e adotando o uso de sucedâneos como: lentilha, grão de bico, ervilhas.
Uso muito a frase de Eleanor Roosevelt em minhas palestras e treinamentos:
“Grandes mentes discutem ideias; Mentes medianas discutem eventos; Mentes pequenas discutem pessoas”
Já repararam como a mídia passa a maior parte do tempo discutindo pessoas e eventos?
Eu reduzi bastante os veículos que me utilizo para receber informação. Hoje, basicamente me baseio em um jornal e uma revista – e muito livros, afinal estes ainda não se banalizaram tanto: os editores ainda têm papel de filtros importantes, e a publicação ainda custa bastante dinheiro. Mas atenção! os e-books vêm atravessando essas peneiras.
Hoje já se vê muitos anúncios de e-books gratuitos: não caia nessa! quando livros, cursos ou palestras são gratuitos, normalmente tratam-se de armadilhas para vender algo. Seus conteúdos são apenas “degustações”: para se obter o conhecimento mais profundo, você terá de contratá-lo.
Como sempre falo: os extremos são, na verdade, iguais. Se antes tínhamos problemas com escassez de informação, hoje temos problema com o excesso. Para nos protegermos devemos buscar veículos e autores de credibilidade e vez por outra procurar pela opinião de seus opostos e é claro: discutir ideias!