Só acredito vendo

Acredito que todos conheçam a história de São Tomé que precisou ver Cristo para assim acreditar em sua ressurreição. A história é tão conhecida que São Tomé virou adjetivo (ou sinônimo) de descrente ou cético – o apelido é dado a qualquer pessoa que duvide e questione alguma coisa.

Acontece que, em tempos de internet e redes sociais, “ser São Tomé” nunca foi tão importante! Eu mesmo, de uns tempos pra cá, só acredito vendo! Tomei essa atitude depois de ver tanta bobagem, mentiras e maldades publicadas. Não podemos mais confiar em nada e ninguém – qualquer um pode sair por aí publicando inverdades sem medo de ser punido por isso.

Podem falar o que quiser sobre algum político ou alguma celebridade, pois eu só acreditarei se os vir falando ou ler um texto devidamente assinado. É complicado, eu sei! Tem gente que usa até editores de foto para alterar textos postados em redes sociais. Já vi até manchete de capa de jornal alterada – assim fica difícil! Já não bastava ter de escrutinar o conteúdo dos artigos e das mensagens, agora temos ainda que buscar as fontes e a veracidade de todas as informações.

Mais uma vez digo: a culpa não é da internet ou das redes sociais. A culpa é do ser-humano, a tecnologia só possibilitou a ampliação daquilo que já fazíamos no dia-a-dia (uns mais, uns menos, mas fazíamos), dando maior visibilidade para o esse fenômeno, qual seja: a capacidade de mentir, difamar, persuadir.

Tenho me policiado para não compartilhar bobagens e mentiras – quem compartilha também é responsável pelos possíveis efeitos negativos. Confesso que as vezes vejo alguns posts exagerados, de meia-verdade alguns até maldosos: fico morrendo de vontade de compartilhar – como que se gostasse que aquilo fosse verdade -, mas sacio a minha compulsão utilizando apenas um like.

Peço licença para a comparação com esse pequeno trecho da história de São Tomé, um tipo de licença poética, entende? Mas aproveito para registar uma importante distinção: quanto tratamos de espiritualidade, levamos em conta algo chamado “fé”, portanto, duvidar passa a ser algo grave. Mas quando tratamos de nós humanos, a lógica se inverte: mesmo sabendo que todos são inocentes até que se prove o contrário.

 

 

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