O futuro do “estado de Flow”

A melhor tradução para a palavra “flow” é “fluir”. Na engenharia, flow é empregado para descrever um fluxo constante e descomplicado de algum fluído (líquido, gasosos) ou da eletricidade. No nosso português empregamos o termo para descrever um estado de fluir.

“Estado de fluir” já era empregado em traduções de conteúdos provenientes das filosofias orientais, pois é o que melhor descreve os estados meditativos, quando a mente em suspensão alcança um estado de pensamento fluido, ou seja, em um fluxo livre, constante, descomplicado. Algo difícil de explicar, melhor é sentir, praticar.

Mas tem uma experiência de fluir que todo mundo já experimentou, o que facilita a explicação: encontramo-nos em estado de flow quando estamos tão absorvidos em uma tarefa, em uma atividade, que sequer vemos o tempo passar – é estar completamente absorto.

Os neurocientistas, analisando as imagens das tomografias computadorizadas do cérebro, identificaram que, durante tal estado, todos os circuitos cerebrais necessários para a melhor execução de uma atividade ficam ativos e dedicados a ela, enquanto que os circuitos desnecessários permanecem completamente inativos. Ou seja, o cérebro está completamente focado naquela atividade. Nada o distrai, nem mesmo o passar do tempo.

Por que o assunto é importante? Porque hoje temos muita dificuldade de nos concentrarmos em uma tarefa ou uma atividade em específico. Somos a todo o momento interrompidos ou assediados pelos assovios das mensagens de textos dos nossos gadgets, os bips de chegada de e-mails ou mesmo o tradicional telefone que toca. É muito difícil nos mantermos focado em algo pelo tempo necessário.

O cérebro é como um músculo – deve ser exercitado: podemos, e até certo ponto devemos exercitá-lo, atuando em duas ou mais tarefas ao mesmo tempo, por exemplo. Mas os pesquisadores advertem: nosso cérebro não foi projetado para isso. Assim fazendo, perdemos, e muito, a eficiência. Portanto não indico este exercício para as tarefas de maior responsabilidade ou complexidade.

Mas acredito que nossas crianças, nascidas na “era” dos tablets e smartphones, e que já começam a exercitar a multifuncionalidade do cérebro durante a sua própria formação, alcançarão poderosos estados de flow – múltiplos e ao mesmo tempo focados.