Pense fora da caixa

Quem nunca ouviu este conselho: “você tem que pensar fora da caixa”? Esta frase já se tornou clássica no mundo corporativo, afinal, ela significa: veja a situação de outro ângulo, por outro ponto de vista, aceite uma ideia diferente – como também as vezes soa como: se vire, dê seus pulos, mas me traga a solução! E desde que a humanidade iniciou essa grande disputa por dinheiro, mercados, clientes – não mais tivemos paz, só pressão.

Pensar fora da caixa significa pensar diferente, ver as coisas de fora, do alto. É buscar por soluções em “lugares” ainda não explorados. Mas quando nos recomendam, nunca nos orientam ou ensinam em como fazê-lo. As pessoas simplesmente dizem: “você tem que pensar fora da caixa”. Mas, se eu soubesse como fazer para pensar fora da caixa eu já estaria pensando fora da caixa, não é mesmo? É para eu sair da caixa e ver novas possibilidades, um novo mundo fora da caixa, mas se eu soubesse como é o “mundo” fora da caixa eu não mais estaria dentro da caixa. Complicado né!?!?

Vamos recorrer a duas pequenas histórias sobre como pensar fora da caixa:

Charada do ponto de ônibus

Fazia muito frio e chuva e você voltava para sua casa tarde da noite com seu pequeno carro – um carro que cabe apenas 2 pessoas: o motorista e um passageiro -, quando de repente você avista em um ponto de ônibus 3 pessoas: o médico que salvou a sua vida, uma senhora bem velhinha, adoecida, e o grande amor da sua vida.

No seu carro só cabe mais uma pessoa. Oque você faria?

Lembre-se: pense fora da caixa!

O julgamento do inocente

No tempo dos grandes reinos, grandes impérios, havia um ditador injusto, cruel, egoísta e ambicioso. Qualquer cidadão que desrespeitasse suas regras era severamente punido. Quando este ficou sabendo de um vassalo que conquistara o coração de sua filha, tratou logo de procurar um motivo para detê-lo e julgá-lo, o que não foi difícil, haja visto o total desrespeito com os direitos dos cidadãos.

O pobre rapaz foi levado a julgamento, melhor dizendo, a toda aquela encenação, afinal, o resultado já se sabia de antemão. O juiz lhe ofereceu a perpétua ou invés da pena de morte em troca de uma confissão, mas ele era inocente e recusou a negociação. Diante disso o juiz propôs um sorteio: “vou pegar dois pedacinhos de papel, em um escreverei culpado e noutro, inocente. Você escolherá um deles e em voz alta pronunciará a sua sentença”.

Ele não tinha como recusar. Na verdade, a ideia até soava mais justa, afinal um sorteio era melhor do que aquela armação. Mas ele sabia que não podia confiar naquele juiz e de fato tinha razão: o esperto juiz escreveu “culpado” nos dois pedaços de papel, excluindo “inocente” do rol de opção.

O que você faria se estivesse no lugar dele?

Lembre-se: pense fora da caixa!

————————-

As histórias são legais, mas esse negócio de ficar mandando os outros pensar fora da caixa é muito chato! Ao invés de ficar “corneteando” dicas aos quatro cantos, que tal ajudar um pouquinho? Quando pensamos em como pensar (isso mesmo: pensar o pensar = metacognição) fora da caixa, pensamos em questionamentos capazes de abrir a nossa percepção – ampliar os pontos de vista, aumentar o leque de possibilidades, portanto, algumas perguntas podem ser muito bem-vindas:

  • Com que esta situação se parece? Já passei por situações semelhantes?
  • Qual seria a melhor solução se não houvessem restrições?
  • Pense em alguém que admire muito. Se esse alguém estivesse em seu lugar, como resolveria? Como pensaria?
  • Quais outros campos/áreas podem ser explorados?
  • Quem são os envolvidos?
  • Quais valores que estão envolvidos?
  • Quais insights e intuições podem ser obtidos com essa situação?

E não se esqueça de discutir a situação com outras pessoas, principalmente aquelas que você saber que pensa diferente de você – mas trate de escutar direito, com atenção, e não fique preso nos seus próprios julgamentos. No primeiro momento é preciso abrir ao máximo o assunto – explorar por completo o tema, somente após a exaustão é que se deve buscar a síntese, ou seja, o fechamento.

—————————–

E por falar em fechamento, ao desfecho das histórias:

No primeiro caso, o melhor a fazer seria: entregar seu carro ao médico, para ele poder levar a velhinha ao hospital e ficar no ponto de ônibus com o grande amor da sua vida!

No segundo, diz a história que o réu retirou um papelzinho das mãos do juiz e imediatamente enfiou na boca e o engoliu. O juiz possesso gritou: “imbecil! Como saberemos agora qual papel tirou”? O aldeão tranquilamente respondeu-lhe: “simples, o que escolhi é exatamente o oposto do que ficaste em suas mãos”!

Deixe um comentário