Mas que diabos andas fazendo?

Hoje recebi logo pela manhã o texto “A caminho do brejo” da Cora Ronái no O Globo – recomendo a leitura. Trata-se daqueles artigos que incitam as pessoas a reagirem, a não se conformarem com o status quo, a lutarem por um Brasil melhor. Ela questiona nossa inércia e nossa capacidade de se conformar, aceitando barbaridades como fatos corriqueiros – por tanto lermos, ouvirmos e assistirmos nos jornais e redes sociais.

Concordo com ela, e isso me incomoda muito! Acredito que incomode a todos nós, povo honesto e trabalhador. Se não posso falar por todos, posso falar por mim: meu sentimento é de impotência, afinal, o que poderia eu fazer para ao menos ajudar a mudar um pouquinho nosso país? Quer que eu saia às ruas? Quer que eu saia por aí compartilhando posts de condenações, de agressões a partidos políticos, ideologias, figuras públicas? Não acredito que esse seja o melhor caminho, mas confesso que o faço. Fui as ruas pedir o impeachment e compartilho informações (desde que seguro em relação à fonte) a respeito de bandidos do colarinho branco e de figuras impudicas (pelo menos sob meu ponto de vista).

Acredito que essas estratégias são necessárias, pois ajudam a aumentar ainda mais o desconforto e deixam os tementes com “as barbas de molho”. Mas, ao mesmo tempo, geram muita angustia e ansiedade -um sentimento de impotência – o que pode levar-nos a atitudes como: 1) é assim, sempre foi assim e não há nada que possamos fazer. São aquelas frases do tipo: “a culpa é do Cabral” (neste caso estou me referindo ao navegador, caso fosse o governador a culpa realmente seria dele); “a corrupção começa com você, que até hoje não devolveu o livro da biblioteca”; “você que compra seguidores no Instagram”; ou 2) “já que é assim mesmo, vou procurar uma ‘tetinha’ para mamar também”, “se eles podem, também posso” – levando as pessoas a prática de condutas desonestas.

Por isso a pergunta do título: que diabos você anda fazendo da sua vida?

A melhor ação para essa situação é ajudar aqueles que estão à sua volta, por exemplo: meu pai batalhou muito para educar 3 filhos, resultando na criação de 3 adultos (ou mais, afinal, assim fazendo, muito provavelmente influenciou outros a sua volta) capazes de contribuir positivamente para com a sociedade através do trabalho e da geração e transferência de valores (materiais e morais) e nós, seus filhos, estamos repetindo o padrão, envolvendo agora não mais 3 seres, e sim 11. Parece ser um bom começo, não? principalmente porque, quando falo “ajudar”, me refiro à proporcionar condições favoráveis de desenvolvimento do próximo. Disso todos nós somos capazes e muitas vezes não nos custa mais do que tempo!

Isso tudo me faz lembrar daquele filme: “corrente do bem”, em que uma criança propõe que cada pessoa ajudasse outras três pessoas, criando assim uma onda altruísta. Então me diga: a quem vai ajudar hoje? Quem você ajudou ontem? Tem gente que diz que colar na prova, ocupar o assento exclusivo para idosos, forjar atestado são atos de corrupção, no entanto, as vezes se esquecem que: incentivar alguém a estudar, orientar o funcionário quanto a seu desenvolvimento, elogiar os acertos e qualidades – são atos de honradez!