Mas é claro que existe “cura gay”!

Mas é claro que existe “cura gay”! E para provar isso vou lhes contar um caso real. Os nomes foram trocados para proteger a identidade dos envolvidos, afinal esse fato se deu em 2016, numa cidade do interior do estado de São Paulo.

José Carlos procurou ajuda do psicólogo devido a grande pressão que sua mãe, carola que era, lhe impunha. Alguns membros da família já sabiam de suas preferências, notava-se até mesmo alguns trejeitos. Mas o que todos temiam mesmo era seu pai, um senhor sério, calado, sisudo. Sempre se orgulhou do primogênito, herdeiro da família, herdeiro da virtude! E foi quando ele soube que José Carlos se viu obrigado a procurar pela cura!

Sua mãe ouvira de um pastor algo a respeito da cura para os “desvios” sexuais e seu pai tinha certeza de que isso tratava-se de problema de cabeça, e assim exigiram que José Carlos procurasse por ajuda profissional.

A sorte de José foi ter encontrado Nelson, um proeminente psicólogo apaixonado pela sexualidade humana. Nelson estava em meio a sua tese de mestrado, que tratava justamente dessa área de estudo – não que José tenha servido de “estudo de caso”, mas sim o quanto isso ajudou a curar-se.

Foram meses de terapia. Muitas conversas, e mais conversas. Por vezes essas conversas requeriam a presença da mãe, por vezes do pai, várias vezes de pai e mãe e assim os avanços prosseguiam de maneira firme e constante, mês após mês, sessão após sessão. Até que, 6 meses depois: A cura!

Os pais de José descobriram o quanto ele era importante para eles, o quanto eles se amavam. E indignaram-se sobre como puderam ter colocado esse amor em risco apenas por uma bobagem: preferência sexual! Eles agradeceram a Deus, e ao Nelson, por terem mostrado a eles que o “foco de desejo sexual de indivíduo” em nada importa para a predição de felicidade, estima, sucesso, desempenho, competências ou de “herança da virtude”!

Eles se abriram para uma nobre forma de amor, aquela em que a minha plenitude só acontece quando da plenitude daqueles que amo. Uma forma que suprime qualquer coisa que possa afetar o prazer de conviver, como família. Quem sabe uma família moderna, com: “homos e héteros”; com filhos, enteados e adotados; cunhados e ex-cunhados – família aquela que entende que “apaixona-se mesmo é por gente”, não por gênero – um amor tão humano, mas tão humano, que chega a ser assexuado.

Enfim, José, sua Mãe e seu Pai foram curados!

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Grande celeuma se deu essa semana a respeito desse assunto. Faço um alerta: cuidado com o que compartilha! Antes de compartilhar informações socialmente relevantes, certifique-se de que estudou todos os lados. Beba de boas fontes! Pois muita bobagem circulou nas redes.

Minha interpretação a respeito desse estardalhaço todo é que a liminar do Juiz Waldemar Cláudio de Carvalho não propõe cura gay alguma, outrossim salvaguarda o direito dos psicólogos de desenvolverem estudos, atendimentos ou pesquisas científicas a cerca sexualidade humana.

O conselho regional de psicologia (CRP) alega algo como: se não é uma patologia, não precisa ser estudado, pesquisado ou tratado – logo, afirmar o contrário seria assumir que é uma doença. O título da nota oficial do CRP emitida é: “Amor não é doença, é a cura” – concordo plenamente, está faltando apenas acrescentar que “sexualidade não é amor”. Qual a maior forma de amor que conhecemos? Para mim é o materno – realmente acho isso não tem nada a ver com sexo!

Definitivamente preferência sexual não é doença! mas daí a negar estudos científicos a respeito do assunto é retrocesso. Quanto podemos aprender sobre o convívio social ou os conflitos psicológicos em uma sociedade diversificada? E quanto ao excelente papel desempenhado pelo nosso amigo Nelson? Somos todos iguais, porém tempo diferentes!

Temos que considerar também outras coisas envolvidas como, por exemplo: violência, preconceito, desrespeito de direitos, falta de direitos, ética no exercício da psicologia… Isso tudo é louvável! E essa é a parte boa da celeuma!

Eu fico com o Magistrado, pois acho que ele elevou o pensamento um nível acima do CRP, considerando o assunto como sendo da “sexualidade humana” e não de gêneros e seus apetites sexuais!

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Mas, minha opinião pouco importa, convido você a criar a própria:

E para saciar sua vontade dá uma olhadinha nas manchetes que circularam. Veja o nível de sensacionalismo e descompromisso com a verdade, afinal, nenhum Juiz autorizou “cura gay”alguma!

Juiz que autorizou “cura gay” diz que decisão teve interpretação “equivocada”

‘Cura gay’: Conselho de Psicologia recorre da decisão que liberou tratamento da homossexualidade

 

Maquiavel e o Velho Noel!

Gosto muito do Natal! Talvez por ter uma família muito grande e que sempre se reuniu nesta data para uma grande confraternização, contando com a presença de parentes geográfica e genealogicamente distantes. Alegria de conversar, de abraçar, de brincar.

As pessoas ficam mais caridosas, tolerantes. O ritmo da vida vai diminuindo, diminuindo, até restar correria apenas nos restaurantes, bares e shoppings.

Mas me parece que as coisas não são bem assim: primeiro você aprende a ganhar presente, depois aprende o real significado da data e por fim começa a dar presentes – tudo parte de um grande plano dos poderosos que conduzem o planeta, mas, por hora quero arguir contra aqueles que criticam este belo feriado, mais adiante desnudarei toda essa farsa.

Para aqueles que criticam o Natal acusando-o de ser uma data comercial, gostaria de lembrar que fazer o comercio “girar” é algo muito saudável para a economia, pois movimenta-se toda uma rede que vai desde indústria primária até terciária. Por que alguém se oporia a isto?

Para os que julgam o Natal como sendo uma “imposição” da Igreja Católica, que se apropriou de outras datas, outros “santos”, outros ritos; tendo a Igreja como algo ruim, danoso – dizendo que cometeu muitos erros e massacres no passado. O que tenho a dizer é que a Igreja cometeu muitos erros, como também cometeu muitos acertos e ajudou muita gente. E isso acontece até hoje – em todas as religiões. Quantos “pastores” fizeram (e fazem) mal-uso do dinheiro dos fiéis? Mas quantos pastores salvam vidas das drogas? Portanto, bem ou mal, bom ou ruim, o Natal é um ritual que nos remete a refletir sobre questões como: fraternidade, caridade, bondade. Por que alguém se oporia a isto?

Mas o plano maior, daqueles que dominam o mundo, é o seguinte: primeiro você é aliciado com presentes e com fantasias – o que faz com que você seja melhor introduzido a um mundo espiritualizado, imaterial e de valores como família, por exemplo. Todo o contato com este lúdico na infância fertilizam o terreno para que nele possa nascer a crença em valores ainda maiores do que a vida – acreditar em alguém que se quer conseguimos provar sua existência: trata-se, sim, de um plano maior para você poder entender o que é “Fé”!

O plano maligno encerra-se em ciclo, quando então você está completamente doutrinado a fazer o bem ao próximo, amar o próximo como a si mesmo, sensibilizar-se com tragédias, doar dinheiro, ou mesmo seu tempo, aqueles que mais necessitam – este é o significado quando disse: “por fim começa a dar presentes”.

Esse é meu presente para vocês: Não importa sua crença, a sua religião, nem mesmo importa se é Natal ou não; O importante mesmo é lembrar, que todos nós somos irmãos.

O Trabalho e os Dias

Gente é tão louca e no entanto tem sempre razão: quando consegue um dedo já não serve mais quer a mão.

E o problema é tão fácil de perceber: é que gente – gente nasceu pra querer.

– Raul Seixas

Essa fonte inesgotável de desejo, essa vontade insaciável: esse querer sempre mais – é um malicioso castigo divino! Castigo que Zeus aplicou a humanidade por Prometeu ter nos trazido o fogo do Olimpo! Mas, como tudo que é divino, nunca saberemos ao certo se é castigo ou presente, afinal, essa vontade é o que nos move – mas, ao mesmo tempo: essa vontade é o que nos consome.

Podemos (e devemos) desejar muito, desejar alto ou até mesmo desejar sublime – isso com toda certeza produzirá energia e força. Mas, para não ficarmos presos na armadilha de um “querer sem fim” temos de lembrar que a felicidade está na jornada e não do objetivo.

Ficamos tão obstinados com nossas metas e objetivos que nos esquecemos de apreciar a paisagem. Na sabedoria oriental isso se chama viver o presente, ou seja, estar plenamente focado naquilo que se está fazendo – esquecendo-se por um momento da meta e vivendo intensamente o momento presente: “o fazer”. Funciona mais ou menos assim:

Quando seu time está ganhando por apenas um ponto você fica desesperado olhando para o cronômetro e torcendo para o tempo passar rápido. E o que acontece na prática? O tempo parece parar! O jogo se torna angustiante e a ansiedade toma conta do seu corpo. Agora, se o time abre grande vantagem no placar, o jogo se torna bonito, divertido, prazeroso e você sequer percebe o tempo passar.

Mas mais difícil ainda é a saudade: quando se espera alguém amado o relógio simplesmente parece parar.

Meu amor não se atrase na volta não, meu amor.
Mandei uma mensagem a jato / pras entidades do tempo já me foi verificado que nem mesmo haverá segundo
que os minutos foram reavaliados / pra cada suspiro serão 10 contados
– Céu

Depois, junto da pessoa amada: nem se percebe o tempo passar!

Será que conseguimos realmente aproveitar o tempo presente em sua plenitude? Ou o final de semana já acabou e o relógio agora está funcionando no “modo segunda-feira”? Se ficarmos presos nesta armadilha viveremos ansiosos pelo “dia da festa” que demora chegar, e arrependidos daquilo que podíamos ter feito na “festa que passou”!

Portanto:

(1) aproveitemos o castigo divino para desejar assaz;

(2) aproveitemos a força da ansiedade para nos preparar para o “grande dia”;

(3) aproveitemos o momento presente para agir – para nos entregarmos por completo nas atividades que sabemos levar ao nosso desejo;

(4) comemoremos cada conquista (por mais simples que seja) com aqueles que nos ajudaram e aqueles que amamos;

(5) não esqueçamos de apreciar a vista da janela!

Conversas sobre carreira e desenvolvimento

Nesta semana assessorei um profissional na sua candidatura à um recrutamento interno – uma nova posição gerencial que abriu em sua companhia. Foi um trabalho bem interessante: estava diante de um bom profissional, montamos uma boa estratégia de apresentação e ainda me inspirou a escrever este artigo.

O fato é que achei interessante reforçar a importância das conversas sobre carreira, principalmente com aqueles que possuem maior poder de influência sobre ela, por exemplo: chefe, cônjuge, pais, professores, empreendedores e especialistas em carreira.

#1Dica: mapeie as pessoas mais influentes em sua rede.

Cada uma dessas pessoas desempenham um papel diferente em nossas vidas, portanto, a conversa deve ser distinta uma das outras, isso porquê: o 1) grau de intimidade, liberdade, dependência, concorrência; 2) interesses, divergências e congruências com seus objetivos – variam de acordo com cada papel.

Todas as pessoas são importantes, cada qual em um aspecto: um pai quererá apenas o seu melhor, mas baseará a conversa segundo suas experiências; o cônjuge poderá se preocupar com a segurança e estabilidade da família; o chefe carregará consigo seus interesses e os da organização, porém é quem fornece maior influência.

#2Dica: prepare-se para cada conversa.

Portanto, reflita sobre os interesses e poder de influência de cada conselheiro e defina seu objetivo para a conversa sobre carreira.

A primeira coisa que pergunto quando um profissional almeja outro cargo dentro da sua organização é: Seu chefe está sabendo? Primeiro: se ele estiver apoiando, suas chances serão absurdamente maiores: não há nada melhor do que o endosso do chefe imediato; segundo: é sinal de que vocês têm uma boa relação e que conversam sobre carreira.

#3Dica: se você é gestor, provoque conversas sobre carreira com sua equipe.

É obrigação do chefe manter conversas sobre carreira com seus subordinados. As empresas buscam muito o engajamento – querem profissionais profundamente envolvidos, comprometidos, felizes e produtivos – enquanto os meus objetivos de carreira e de vida forem congruentes com os objetivos da organização em que trabalho, seguirei engajado, portanto, é obrigação do gestor procurar atender (o máximo possível – afinal não é fácil!) a este alinhamento.

#3bDica: se você tem um gestor, provoque conversas sobre carreira com seus superiores.

O contrário também é verdadeiro, ou seja, todo profissional deve procurar se informar sobre o seu desempenho e desenvolvimento, consultando sua chefia ou mesmos outros membros da diretoria, e sobre suas possibilidades e caminhos para sua ascensão.

Peço permissão para terminar este artigo “puxando a sardinha para o meu lado”, aproveitando para reforçar que, aconselhar-se com um especialista em carreira traz basicamente duas grandes vantagens: 1) Isenção total de interesses – o único interesse de um consultor de carreira é o sucesso do seu cliente, afinal, o seu sucesso é o meu sucesso; 2) Vasta experiência – um consultor de carreira carrega consigo não só suas próprias experiências, como também a experiência acumulada de seus clientes: é isso que eu mais amo na minha profissão: a possibilidade de aprender com a grande variedade de experiências dos grandes profissionais que atendo. Portanto:

#4Dica: consulte um especialista em carreira.

Fofoca: veneno que circula nas organizações

A fofoca é um veneno que costuma circular nas organizações. Na verdade, onde há gente, há fofoca. Mas por que será que gostamos tanto de falar dos outros? Falamos dos outros por diversão, por maldade, distração, alívio e até mesmo promoção.

Falar dos outros por diversão pode acontecer de duas formas: a) chacota, gozação; b) simples narração de uma alguma acontecimento engraçado na vida da pessoa. Quando se trata de gozação as consequências não positivas, podendo acabar em bulling ou grande humilhação, mas quando se trata de narrativas divertidas, as consequências são positivas e o humor dos envolvidos fica elevado – desde que os personagens concordem com a divulgação do acontecido.

A diferença entre falar por diversão e falar por distração reside na natureza do que é comentado. No caso da distração os assuntos são mais simples, com quase nenhuma carga emocional e completamente inofensivos. Tratam-se de amenidades e pequenas curiosidades acontecidas com outrem.

A fofoca para alívio é para mim a mais interessante. É impressionante como falar da desgraça do outro nos ajuda a lidar com as nossas próprias desgraças. As vezes nos sentimos desolados, tristes e até meio deprimido, mas ao tomarmos conhecimento de alguém em pior condição, imediatamente “levantamos, sacudimos a poeira e damos a volta por cima”.

Mas a pior de todas as formas de fofoca é aquela que quer prejudicar, magoar, ferir ou denegrir o outro. Ah, quanta maldade reside em nós, seres humanos! Por que diabos temos o habito de falar mal dos outros? Bem, eu tenho algumas teorias: 1) se eu não consigo me “elevar”, posso baixar o outro de modo a parecer (ou me sentir) mais elevado; 2) posso expurgar um pouco da minha raiva, culpa ou incompetência colocando o outro em situação pior que a minha (mais ou menos como explicado na fofoca para “alívio”); 3) podemos também denegrir o outro para nos defender ou proteger. Se vejo meus colegas de trabalho como uma ameaça ao meu emprego ou à minha carreira, também posso recorrer a fofoca maldosa para “eliminar” meu concorrente.

De qualquer modo, quero parafrasear mais uma vez Eleanor Roosevelt:

“Grandes mentes discutem ideias; mentes medianas discutem eventos; mentes pequenas discutem pessoas”

Então vamos procurar manter a proza no nível das ideias ou mesmo dos eventos.

Por fim, tem a fofoca que visa promover determinado grupo ou pessoa. É uma fofoca do bem. É quando falamos bem de uma pessoa pelo simples fato de admirá-la, respeitá-la ou mesmo para ajudá-la a conquistar algo. Essa é uma fofoca saudável e que deve ser feita com a maior frequência possível.

Dizem que certa vez um discípulo chegou à Sócrates e disse:

– Mestre tenho algo a falar sobre “Fulano”, mas não sei se deveria dizer.

Sócrates então respondeu:

– Você já fez o crivo das 3 perguntas? Antes de dizer qualquer coisa você deve submetê-la ao crivo das 3 perguntas:

1º. O que você tem a dizer é verdade?

2º O que você tem a dizer tem bondade?

3º O que você tem a dizer trará algum benefício?

Se a resposta for não para qualquer uma das perguntas: cale-se!

Costumo apresentar o crivo das 3 perguntas em meus treinamentos e sempre comentava que: se levarmos a sério o crivo das 3 perguntas de Sócrates, não falaríamos mais quase nada. Mas, como sempre digo que aprendo mais com meus “discípulos” do que eles comigo, uma vez um participante me disse: “Não, muito pelo contrário: o desafio agora é manter a ‘taxa de conversação’, procurando por coisas boas para se falar!”.

A fofoca consuma ser comparada ao veneno. E qual o meio de circulação desse veneno? A boca, de pessoa para pessoa. Portando, qualquer um detém o poder de bloqueá-la: basta calar-se e não passá-la adiante!

 

 

Sua empresa saiu no Porta dos Fundos? Episódio 6 – feedback

O feedback é tema recorrente no mundo organizacional. As empresas perceberam que: a) as pessoas estão carentes de feedback; b) os profissionais precisam de feedback para saberem como estão desempenhando; c) a maioria dos gestores tem dificuldade em conduzir esse tipo de reunião.

A verdade é que o contexto organizacional dificulta bastante este tipo de conversa – muita coisa está em jogo: a reputação e aceitação do gestor e do subordinado, expectativas de desenvolvimento de carreira, expectativas salariais, comparações com colegas, enfim, o palco em que atuamos nas empresas não é favorável a este tipo de reunião. Já até a apelidaram de fodeback (desculpem pelo termo chulo, mas realmente considerei necessário para a proposta deste artigo).

Ao invés de discutirem a problemática existente nesse contexto, como: alta competitividade entre as empresas, rupturas tecnológicas e complexidade do ser humano (medos, ambições, motivações), preferem criticar esta ferramenta, claro que, propondo uma nova: o feedforward. Não caiam nessa: feedback e feedfoward são para mim a mesma coisa. O problema não é a ferramenta (feedback), mas sim seu uso. O problema está no “operador” e nas “condições de trabalho” (insumos, manutenção, recursos).

O assunto está bom, mas já é hora de diversão. Quem quiser saber mais sobre feedback recomendo a leitura do artigo: A arte de dar feedback.

  1. Bafo

Quem tem coragem de dar esse tipo de feedback? Esse é um dos assuntos mais delicados nos relacionamentos humanos: bafo, CC (mal cheiro nas axilas), vestimenta inadequada. As vezes evitar de magoar a pessoa pode ser na verdade o pior para ela. Mas conduzir este tipo de conversa não é nada fácil mesmo. É preciso certa intimidade, ou mesmo ir direto no assunto: é melhor um terror imediato do que um terrorismo sem fim: fale logo, vá direto ao ponto! Só é preciso respeito, nada mais – muito melhor do que ficar comentando sobre a pessoa pelos corredores, não é mesmo?

  1. Mundo dos negócios

Esse vídeo eu acho genial! Sempre uso em meus treinamentos, pois é muito comum o gestor falar de uma forma que o funcionário realmente não consegue entender, seja porque não tem coragem, seja porque não consegue mesmo se expressar.

Dá para notar o esforço do funcionário em tentar compreender o que o chefe fala. Chega até a fazer perguntas, mas tudo em vão! Mas uma coisa ele compreende com clareza: “o Ricardo do marketing falou …”. Isso ele seu instinto de proteção consegue pegar com facilidade.

Depois de muito tentar, ele desiste e parte para uma estratégia muito mais inteligente: passa a apoiar o que o chefe diz e pede sugestões. A tática funciona e em pouco tempo ele reverte a situação, finalizando a conversa com uma ligação para o Ricardo do Marketing. Simplesmente genial e totalmente condizente com o que vejo acontecer nas empresas – não em todas, é claro. Mas, e na sua, ou com você, já aconteceu?

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Estamos chegando ao final dessa série. No próximo mês tratarei o último assunto: Inteligência emocional. E para quem não leu os anteriores, abaixo encontram-se os links:

3 lições que aprendi com Usain Bolt

Usain Bolt entrou para a história! Suas conquistas são indiscutíveis e sua fama já beira o Mito! Essa mistura de: Jamaica + resultados + simpatia + dancinhas e sorrisos transformou nós brasileiros em fãs.

Eu acompanhei as suas provas e muito do que a imprensa falou sobre o astro e, ao final dos jogos, aprendi com ele algumas lições as quais gostaria de compartilhar:

  1. Sobre concorrência

As melhores marcas atingidas pelo atleta se deram em provas disputadas por grandes concorrentes. Na edição 2016 dos jogos olímpicos, o mito não bateu nenhum recorde e seus ouros foram alcançados com certa facilidade, comprovando a tese do “tubarão no tanque”. Parece que realmente temos uma tendência ao comodismo e que só nos mechemos quando ameaçados.

Mito por mito: Prometeu roubou o fogo de Zeus e o entregou a humanidade e Zeus nos castigou com a inveja, cobiça, emulação

Em uma das baterias das semifinais, Bolt, já classificado, diminuiu o ritimo para poupar energia para as finais. Seu rival, De Grasse, do Canadá, também já estava classificado, portanto assim como Bolt, deveria se poupar – a “regra” estava implícita. Mas graças ao castigo de Zeus, De Grasse tentou superar Bolt, que, ao perceber a aproximação do rival, tratou de acelerar e vencer a prova, alcançando sua melhor marca da temporada.

Imagine ser um atleta e viver na mesma época que Bolt! Imagine ter um concorrente como Bolt! Acho que isso pode ser fonte de inspiração/motivação ou de tristeza/desmotivação – vai depender do quanto você foi tocado por Zeus, não é mesmo?

  1. Trabalho primeiro, lazer depois

Bolt se comporta de maneira extremamente profissional durante os jogos, mas assim que acabam suas provas ele parte para farra! Sim, claro, afinal ele não é um deus, ele é humano e também tem direito a álcool e sexo! Depois que ele morrer será outra história: ocupará sua merecida cadeira ao lado dos deuses do Olimpo, mas por hora ele é humano. Mas um humano responsável: respeita os treinos, as provas, as regras, os adversários e depois de tanto esforço e dedicação pode enfim comemorar, relaxar e gozar sua glória. Como que nas festas dionisíacas da Grécia Antiga ou no Carnaval do Brasil Atual

“E um dia, afinal / Tinham direito a uma / alegria fugaz / uma ofegante epidemia / Que se chamava carnaval / O carnaval, o carnaval” (Chico Buarque)

  1. A internet, seus meios de comunicação e viralização

Não temos mais nenhum controle sobre a comunicação. Qualquer Smartphone pode registrar um vídeo ou uma imagem e esta “ganhar a rede” em poucos minutos. Foi o que aconteceu com Bolt após sua festança dionisíaca, sua companheira não hesitou em tirar e compartilhar fotos com o atleta, afinal, de que adianta “ficar” com o Bolt se ninguém ficar sabendo!

A coisa viralizou de tal maneira, que hoje, ao fazer uma rápida pesquisa sobre o Bolt para terminar este artigo, 5 –  dos 12 resultados da primeira página do Google – destacavam essa fofoca! Caramba, seus feitos atléticos são quase tão importantes quanto seus feitos, digamos, carnais!?!?

Bom, para mim pouco importa. É um grande mito do atletismo moderno, ficará para a história e muito pude aprender com ele – só não aprendi a correr como ele, mas quem sabe um dia ainda alcanço um “pace” (ritmo) abaixo dos 5:45 (minutos/km)!?

Sísifo e eu no trabalho

Meu próximo relatório será entalhado em uma pedra. Sim, redigirei em mármore, em alusão ao trabalho de Sísifo, que ainda hoje carrega, inutilmente, sua pedra de mármore morro acima.

Não sei quantos dos leitores já elaboraram ou ainda elaboram relatórios que não são usados para nada, e o pior, eles normalmente vêm com prazos de conclusão apertados. Quantos projetos são iniciados, consomem tempo e dinheiro e depois são abandonados?

Talvez os relatórios, devido às informações excessivas ou pelo fato de o solicitante não saber exatamente do que precisa, ou mesmo por não se poder fazer nada a respeito das informações relatadas, fiquem estacionados na mesa, sujeitos às ações do tempo – “é quando nossa pedra rola morro abaixo”. Quem sabe se os projetos, por serem mal elaborados – não definindo claramente seus objetivos, as metas, as tarefas, as ações e os prazos – acabem por se perder no caminho. Principalmente enquanto surgem os “incêndios” que necessitam combate.

Voltemos a Sísifo. Para quem não conhece a história, ele foi condenado pelos Deuses a passar toda a eternidade carregando uma enorme pedra de mármore até o cume de uma montanha. À medida que ele se aproxima do topo, a pedra rola morro abaixo por uma força à qual ele não consegue resistir, tendo, então, que descer ao sopé e retomar todo o trabalho.

O Mito de Sísifo nos mostra por que precisamos imediatamente remover do trabalho o desnecessário. Vamos focar no simples, no básico, no útil. Criamos tantos indicadores e tanta tecnologia da informação que já não sabemos o que fazer com eles. É importante lembrar que hoje temos altíssima eficiência na obtenção de dados e até mesmo na geração de informação mas, quando o assunto é a criação de conhecimento e, principalmente, a transformação desse conhecimento em resultados, a situação se inverte.

É possível que nossos avanços tecnológicos se deem em um sentido de facilitar o transporte dessa pedra. É como se buscássemos meios de obter mais força para carregá-la, mais eficiência, rapidez, melhores rotas para a travessia, maior conforto na execução da tarefa – e nunca nos preocuparmos em estudar o porquê ela cai, ou mesmo o porquê de a carregarmos.

Nesse ponto outra analogia se torna interessante: Sísifo recebeu essa sentença por ter desdenhado dos Deuses e enganado a morte por duas vezes. Será que estamos tentando enganar a morte? Ninguém quer mais envelhecer – é como se o velho hoje não fosse mais o sábio, e sim o jovem que domina essas novas tecnologias. Escondemos nossas rugas, pintamos nosso cabelo, fazemos plástica. Talvez para que a morte, ao nos ver, pense: “Puxa, acho que errei o dia. Cheguei antes do previsto. Deixe-me ver quem é o próximo de minha lista”.

E quanto a desdenhar dos Deuses? Deus (Deuses) está(ão), de fato,  presente(s) em nossas vidas? Parece que para nossa moderna sociedade não precisamos mais de Deus, a ciência pode nos dar todas as respostas. E olha que, em 1978, Raul Seixas já alertava: “E onde é que está a vida? Onde é que está a experiência? Já te entregam tudo pronto, sempre em nome da ciência, sempre em troca da vivência”.

Desejo que alcancemos maior realização em nossas vidas com simples atitudes como planejar nossas tarefas, focar no necessário, questionar nossos porquês, respeitar nossas divindades – lembrando-nos de que somos todos mortais.

Mas meu próximo relatório será na pedra, aludindo a Sísifo e enaltecendo Moisés, cujo relatório, feito na pedra,  é objetivo, claro, aplicável e ainda hoje respeitado.

Sua empresa saiu no Porta dos Fundos? Episódio 4 – Comunicação

A comunicação é algo automático. Logo que nascemos já começamos a fazer uso dela e seguimos pela vida usando-a a todo momento. Nos comunicamos falando, escrevendo, gesticulando, olhando. Estamos tão habituados a nos comunicar que nem percebemos a complexidade envolvida na comunicação. Só nos damos conta quando um mal-entendido acontece.

Criei este quadro para sintetizar os principais componentes da comunicação.

Comunicação

Tudo começa com uma fonte emissora, ou seja, com aquele que tem a intenção de transmitir uma mensagem, e termina naquele que recebeu esta mensagem (o receptor). Só haverá êxito se o significado gerado no receptor foi o mesmo que o emissor intentou, do contrário, a comunicação foi falha.

O grande problema é que para a transmitir uma mensagem é preciso antes codifica-la. Normalmente usamos as letras do alfabeto, combinando-as em palavras do idioma português – seja escrita ou oral. Mas essa codificação também pode se dar em outros idiomas, em hieróglifos, sinais, emoticons. Adoro os emoticons! O que seria de nossa comunicação no Face, no Whats se não fossem os emoticons ou os emojis? A língua é viva, e os emoticons são a prova disso!

Tem uma brincadeirinha bem legal na internet que retrata bem a questão de decodificação.

desafio vc a ler

No começo é difícil, a primeira palavra é impossível! mas, assim que compreendemos a regra da codificação, conseguimos decodificar quase que instantaneamente o restante do texto.

Após a codificação a mensagem tem condições de ser difundida através de alguns canais: voz, textos, desenhos, gestos. E assim o receptor poderá decodifica-la, gerando assim algum significado – exatamente como aconteceu na brincadeira acima.

E por falar em brincadeira, vamos então aos vídeos de Porta dos Fundos:

  1. Palavra da Salvação

Este vídeo deixa bem claro a importância do código usado na transmissão da mensagem. Se o emissor usar um código pouco conhecido pelo receptor, com certeza a mensagem chegará, no mínimo distorcida – e as vezes totalmente incompreendida.

De que é a responsabilidade sobre a comunicação? Do emissor? Do receptor? De ambos? Na minha opinião a responsabilidade é total do emissor, afinal é deste que parte a intenção.

Portanto, devemos estudar a fundo o nosso receptor: nível cultural, intelectual, idioma, gírias, faixa etária. Tudo que for necessário para se fazer entender.

  1. Mundo dos negócios

Este vídeo é muito interessante, não só pela questão da comunicação, como também pelo reflexo da nossa atuação no mundo organizacional. O chefe fala, fala, fala mas o subordinado não consegue entender. Ele se esforça, tenta realmente compreender, faz perguntas – mas se frustra. Só que a parte que coloca em risco seu emprego ele entende logo de cara: compreende facilmente que “o Ricardo do marketing falou” alguma coisa. Assim, de maneira bastante ardilosa, ele consegue reverter todo o cenário. E ao final, é ele quem admoesta o Ricardo.

 

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Espero que tenha gostado! Se não leu os outros 3 artigos da série, logo abaixo tem os links. No próximo mês explorarei o tema “Demissão”.

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Sua empresa está no Porta dos Fundos? Episódio 1- Surrealismo

Sua empresa está no Porta dos Fundos? Episódio 2 – Entrevistas

Sua empresa está no Porta dos Fundos? Episódio 3 – Profissionalismo

O todo e as partes

Ontem me queimei fazendo café. Desequilibrei a leiteira fervente e derramei grande parte do seu conteúdo por sobre a minha mão: foi uma queimadura leve, a pele avermelhou e algumas bolhas se formaram.

Aquele ponto tão pequeno (quando comparado com todo o meu corpo) atraiu a minha atenção por todo o dia.

Mas ainda bem que não afetou nenhum dedo. Os dedos são pequenos, mas cada um deles faz uma falta tremenda. Experimente machucar um deles para você ver: afeta deveras o “pegar”. Se for o polegar então?!?! Percebo assim que cada dedo tem seu papel na minha mão e um deles é até mais importante que os demais, mas somente a soma de todos eles fazem a perfeita mão.

A queimadura foi na parte superior, no dorso da mão. O dorso parece não ter função, não acaricia como a palma, não é sensível ao toque como a ponta dos dedos. Mas foi logo no primeiro aperto de mão que percebi sua participação: as pontas dos dedos do meu amigo nele se firmavam para envolver minha mão, alcançado assim firme aperto: o dorso parece assim ter sua função.

Mas ainda bem que foi só em uma das mãos. Com apenas uma mão consigo fazer muitas coisas: cada mão por si só tem sua ação, mas somente com as duas posso dar um abraço com emoção. Não subestimo os braços, são eles que promovem o aperto confortável, aquele que une os dois corpos: mas me refiro ao detalhe: quando as mãos acariciam as costas durante o caloroso abraço.

Certa vez meu pai ficou doente: caso de internação. Foi muito triste, muita comoção. Eu era pequeno, doía o coração: mas a figura da minha mãe fez a substituição. O pai é importante, e a mãe também: mas só os dois juntos podem ser além!

Assim como os dedos, cada indivíduo é importante, e diferente: cada qual é melhor e pior em algum aspecto, mas somente a soma de seus membros pode se chamar família. Podemos ampliar essa visão, partindo para outra instituição: com uma soma, por exemplo, que compõe uma Nação!

Um amigo abriu empresa: empregou 10 cidadãos; um outro uma indústria: empregou mais um montão. Cada empresa tem sua importância: paga salários e impostos, permite o consumo de seus empregados e sócios, acontece que todas juntas formam o PIB do país nosso.

Certa vez era só China, isso antes da globalização: agora é candidata a potência, tratada como grande nação. Vimos seu impacto no todo quanto cresceu apenas como parte. O sistema financeiro deixa claro essa faceta: são efeitos dominó, efeitos em cascata, para os mais poéticos tem até efeito borboleta.

É mais ou menos assim: certa vez era uma célula, que quando juntas formou um órgão, que quando juntos formaram um mamífero (acredita-se: superior), que quando juntos formaram uma sociedade que quando juntas formarão …

Pois é, a maioria ainda não enxergou a importância dessa união: já avançamos de países para blocos políticos/econômicos: conseguimos formar até uma ONU; mas parece que ainda não percebemos que o todo não é nada sem as partes, assim como as partes não são nada sem o todo; e que o todo é muito maior que a soma das partes.