Como desenvolver competências

Competência é o termo que melhor traduz, nos dias de hoje, a contribuição dos profissionais para com o resultado da empresa, afinal, competência é a forma como o profissional mobiliza seus recursos (conhecimento, habilidades e atitudes) para resolver os problemas e/ou gerar resultado para a organização. Por isso, as empresas vêm adotando o modelo de “Gestão por Competências” para melhor desenvolver seus recursos humanos, logo, alcançar resultados.

Minha proposta para este artigo é refletir sobre como desenvolver competências e para isso, gostaria de aprofundar um pouco mais no conceito, trazendo a decomposição que fiz baseado na definição de competência de Maria Tereza Leme Fleury (em meu artigo “Crowdsourcing: Competências” aprofundo um pouco mais o conceito – vale a leitura).
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Podemos decompor qualquer competência em 3 fatores: conhecimento, habilidades e atitudes, tornando mais fácil nossa reflexão, vejamos:

Como desenvolver o conhecimento?

O conhecimento pode ser desenvolvido com os estudos: livros, aulas, palestras. Quando o conhecimento é explícito, ou seja, explicável – fica fácil registrá-lo e transmiti-lo, mas quando o conhecimento é tácito, ou seja, implícito – fica difícil de descrevê-lo, logo, transmiti-lo. O conhecimento tácito se dá através da observação, experimentação e experienciação. Mas seja ela fácil ou difícil, explícito ou tácito, o que importa para nós no momento é que ele pode ser desenvolvido através das formas tradicionais que há milênios conhecemos: escola, pesquisa, fóruns, livros, vídeos.

Como desenvolver habilidades?

Falar em habilidade imediatamente nos remete à prática, a destreza – mas não esqueçamos: o conhecimento também se faz presente. Na verdade, é a soma do conhecimento e da prática – quanto mais conhecemos e mais praticamos, mas hábil nos tornamos – como disse o golfista Tiger Woods: passei a ter sorte quando comecei a treinar 10 horas por dia.

Para desenvolver habilidade é preciso muita prática, repetição e exposição gradativa a outros níveis de complexidade. Mais uma vez vou recorrer ao mundo dos esportes: imagine um jogador de futebol. Durante toda sua infância ele praticou (nas “peladas” e nos “babas”) e foi adquirindo cada vez mais destreza, apenas observando e sentindo os efeitos de cada movimento seu e da bola. Depois, quando jovem, entrou para um pequeno time local, onde começou a receber informações teóricas sobre: técnicas de como bater na bola, como se posicionar em campo, como funciona o corpo e os músculos, enfim, muito conhecimento teórico – agora ele pratica o esporte de outra forma, mais madura, mais consciente – é muito mais habilidoso!

Recomendo outro artigo interessante sobre como acelerar o ganho de experiência – “A pílula de experiência

Como desenvolver atitudes?

Sempre deixo o melhor para o final! Como posso fazer para criar melhores atitudes? Ou seja, atitudes mais saudáveis e produtivas?

Atitude vem do italiano Attitudine: “postura, disposição”. No Houaiss aparece como: 1. pose, posição, postura; 2. comportamento ditado por disposição interior; 3. conduta; 4. posição assumida, norma ou forma de proceder, orientação – vou adotar postura e orientação para esta reflexão.

Vamos ver o exemplo de um profissional divertido, engraçado e brincalhão – perfil bastante interessante: gostoso trabalhar com gente assim, não? deixa o clima leve, o trabalho fluido e as pessoas bem-humoradas. O problema é que para obter uma promoção à gerencia é preciso que ele mude sua atitude, é preciso que ele seja um pouco menos brincalhão, mais sério – pois a equipe pode entender como descompromisso (não só com a empresa, como também com suas responsabilidades de líder) e alguns podem até abusar da sua “boa vontade”.

O que você recomendaria para esse profissional?

O primeiro passo para uma mudança de atitude acontecer é o reconhecimento da necessidade de mudar. Nossas posturas e orientações normalmente são automáticas, pré-estabelecidas – fazemos sem nem perceber que fazemos.

Uma vez entendido a necessidade de mudar, podemos fazer uso conhecimento estudando sobre o assunto e sobre si – neste caso o profissional poderia ler mais sobre gestão de negócios e de pessoas, sobre comportamento humano e sobre si. A medida em que se amplia o conhecimento teórico sobre o assunto, é possível realizar pequenos experimentos com diferentes comportamentos, passando então a desenvolver novas habilidades – tudo isso se mistura, com efeito sinérgico e exponencial, ou seja: eu estudo, pratico e me comporto:

diamica do desenvolvimenot de competencias

Quando essa dinâmica alcançar um nível profundo de novos significados, chegaremos ao âmago da atitude: as crenças. No fundo, o que guia nossas atitudes são nossas crenças – por exemplo: se acredito que todo político é corrupto, terei uma atitude hostil sempre que os vir.

No nosso exemplo, talvez o profissional opere com a crença de que o trabalho tem que ser divertido, que trabalhar brincando é mais produtivo. Mas agora ele tem que ressignificar o trabalho, acrescentando: O trabalho tem que ser divertido, mas há situações em que o estresse é inevitável e até mesmo produtivo – pois, em precisas doses, nos desafia a crescer.

Desenvolver competências não é tarefa fácil, mas pode ser divertido. Eu tenho uma atitude positiva diante do assunto, pois me baseio na crença de que o ser humano está em construção e que eu não preciso ser o melhor profissional, só preciso ser hoje melhor do que fui ontem!

A pílula da experiência

Alguém aí sabe onde comprar uma pílula que aumente a nossa experiência? Sim, isso mesmo! Hoje em dia tem pílula para tudo: para emagrecer, para ficar tranquilo, para ficar louco, para acabar com a celulite, para conter hiperatividade, para ganhar mais músculos, para ficar acordado, para correr mais rápido… a lista não para! Mas ainda não inventaram a: “Pílula da Experiência”!

Como seria bom hein!? Bastava tomar alguns comprimidos de tantas em tantas horas e: “Tcharam”! fiquei mais experiente! Agora tomo melhores decisões, antecipo melhor os acontecimentos, desafio ainda mais meu status quo, produzo melhores resultados e me torno mais experiente outra vez.

Mas infelizmente as coisas não são bem assim. Todos nós sabemos do preço a ser pago quando forçamos nosso organismo para muito além daquilo que fora projetado: vício, dependência, lesões, doenças! Sendo assim, ainda bem que não inventaram uma pílula para ganharmos experiência, e nem quero que a encontrem. Teremos que conquistar a experiência: com muito suor, sofrimento, alegrias e amores.

A boa notícia é que existem sim algo para acelerar o processo de ganho de experiência: Leitura e Estudo! Através do estudo e da leitura podemos nos apropriar de grande parte da experiência do autor ou do professor, contribuindo assim para o desenvolvimento de novas regras de julgamento que me acompanharão pelo resto da vida. Portanto, estude!

Acontece que só ler e estudar não basta, é preciso se expor a situações adversas ou desconhecidas ou novas ou tudo isso junto. É preciso arriscar! É preciso coragem! É preciso ver o mundo através da lente do desenvolvimento e não do desempenho. Não mais interessa o quanto fiz, mas sim o como poderei fazer melhor da próxima vez. Portanto, exponha-se a novas – como o próprio nome já diz – experiências!

Não se preocupe com os revezes ou dissabores, primeiro porque são eles que ajudam a temperar a vida e segundo por conseguirem nos tirar da zona de conforto, além do mais, tem uma historiazinha circulando pela internet que fala do discípulo que pergunta ao seu mestre:

– “Mestre, como faço para tomar boas decisões”?

E o mestre responde: – “Ganhando experiência”!

Mas o discípulo persiste: – “E como faço para ganhar experiência”?

Finalmente o mestre responde:

– “Tomando más decisões”!

Incrível, não? por isso digo: arrisque-se! coragem!

E o melhor disso tudo é que existe um efeito sinérgico no ganho de experiência: quanto mais experiência ganhamos, mais experiência ganhamos! É mais ou menos assim: conforme adquiro experiência melhor consigo trabalhar meu julgamento, análise de fatos/dados e desafios de maior complexidade. E quanto melhor trabalho os fatos/dados, julgamento e complexidade, mais experiência adquiro – encontrando assim um círculo virtuoso!

Atenção! Profissionais recomendam ministrar essa pílula diariamente. A quantidade? Bem, esta depende muito do que queres da vida!

Avalanche de informação

Felizes somos por viver em um período onde tanta informação está disponível, na palma da mão, 24 horas por dia.

Para aqueles viveram a censura ou a parcialidade de poucos veículos de comunicação disponíveis, hoje esses se multiplicaram – em velocidade exponencial, como que bactérias em placas de Petri abastecidas de rico BDA e em temperatura favorável -, através dos blogs e vlogs, nas redes sociais, portais e internet de modo geral.

O problema agora passa a ser outro: a qualidade, e até mesmo a veracidade, da informação. Não dá mais para acreditar em tudo que se lê! Antigamente, bastava a matéria ter saído em uma revista ou em um jornal para ser considerada verídica. Lembro do meu cunhado que toda vez que contava uma mentira, de brincadeirinha – é claro, dizia ao final: “é verdade, eu li em uma revista!”, não importava qual, bastava ter sido publicada.

O que acontece é que toda revista, todo jornal, tem um editor e tem um proprietário, e estes têm responsabilidade por aquilo que falam. Se ofenderem a algo ou alguém pode ser responsabilizados juridicamente. Mas hoje, qualquer um pode “sair por aí” difamando, mentindo, enganando pela internet. É claro que estes também podem ser responsabilizados, mas acontece que estão espalhados e escondidos atrás da rede.

Temos que tomar muito cuidado com o que compartilhamos, para não replicarmos bobagens ou mentiras. Compartilhei um áudio com a voz do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que falava mal dos cariocas e da Dilma. Fiquei indignado e compartilhei mesmo: crente de que exercia meu papel de cidadão, ajudando a limpar a política nacional. Até que um amigo me avisou que se tratava de uma brincadeira do Marcelo Adnet. Então questionei: “É verdade? Isso é muito sério!”. E ele me respondeu: “Verdade, mas qual o problema, o Adnet é um humorista e vive imitando as pessoas”. Realmente, o Adnet é um humorista: o problema não foi ele. Em seu canal, fica bem claro que é ele e que se trata de uma imitação. Na minha opinião, o problema neste caso reside na forma com que foi compartilhado: o autor queria apenas debochar do Paes, mas que compartilhou queria difamá-lo.

Separar o joio do trigo nunca foi tão difícil!

Um outro problema em relação a avalanche de informação é a utilidade. Será que realmente precisamos saber de tudo? Primeiro que costumamos confundir informação com conhecimento e segundo que podemos selecionar melhor as fontes e os assuntos.

Informação é apenas a apresentação de um dado ou acontecimento – informação é a previsão do tempo, é o relato de eventos. Já o conhecimento é que fazemos com as informações. A previsão do tempo informa: vai fazer frio, 12 graus pela manhã. Meu conhecimento “diz”: preciso me agasalhar.

Se pararmos para pensar, recebemos muita informação estúpida (ou no mínimo desnecessária). Estava assistindo a um jogo de futebol, quando o narrador trouxe a seguinte informação: “Os dois times já jogaram “x” vezes, o time A ganhou “x”, o time B ganhou “y” e aconteceram “n” empates. Fiquei pensando: do que me serve essa informação? Por algum acaso essa estatística teria o poder de predizer o resultado deste jogo? Claro que não! trata-se de informação útil apenas ao entretenimento, ou pior, apenas para torcedores fanáticos poderem dizer que seu time é melhor que o outro.

Agora mesmo, enquanto escrevo este artigo ouço a televisão gastar uns 5 minutos em uma matéria sobre o preço do feijão. Fico pensando: para que serve este tipo de matéria. Eu não precisava de um jornal para constar o aumento do preço – bastava ir ao mercado -, por sinal, quem é responsável pelas compras já deve ter constatado. Entendam, minha crítica é pelo fato de que o aumento do feijão se deu devido a problemas climáticos que implicaram na pouca oferta do produto, portanto, isso logo tende a se estabilizar. Quero ver por quanto tempo este preço se manterá. 10 dias, 30 dias, quem sabe até 2 meses: mas o fato é que é passageiro. Não se trata de nenhuma ruptura na cadeia produtiva do feijão, e sim de um fenômeno há muito conhecido pelos humanos: oferta x procura, que com a livre economia de mercado, tende a estabilizar-se.

O que agregou para mim esta matéria? nada! A não ser pelo fato de que terei de passar alguns dias sem este legume e adotando o uso de sucedâneos como: lentilha, grão de bico, ervilhas.

Uso muito a frase de Eleanor Roosevelt em minhas palestras e treinamentos:

“Grandes mentes discutem ideias; Mentes medianas discutem eventos; Mentes pequenas discutem pessoas”

Já repararam como a mídia passa a maior parte do tempo discutindo pessoas e eventos?

Eu reduzi bastante os veículos que me utilizo para receber informação. Hoje, basicamente me baseio em um jornal e uma revista – e muito livros, afinal estes ainda não se banalizaram tanto: os editores ainda têm papel de filtros importantes, e a publicação ainda custa bastante dinheiro. Mas atenção! os e-books vêm atravessando essas peneiras.

Hoje já se vê muitos anúncios de e-books gratuitos: não caia nessa! quando livros, cursos ou palestras são gratuitos, normalmente tratam-se de armadilhas para vender algo. Seus conteúdos são apenas “degustações”: para se obter o conhecimento mais profundo, você terá de contratá-lo.

Como sempre falo: os extremos são, na verdade, iguais. Se antes tínhamos problemas com escassez de informação, hoje temos problema com o excesso. Para nos protegermos devemos buscar veículos e autores de credibilidade e vez por outra procurar pela opinião de seus opostos e é claro: discutir ideias!

Sua empresa está no Porta dos Fundos? Episódio 3 – Profissionalismo

Este é o terceiro artigo da série: “Sua empresa está no Porta dos Fundos?”. O tema deste mês é: Profissionalismo. Quem não leu os outros artigos, ao final deste encontram-se os links para acessá-los.

Usamos o termo profissionalismo para qualificar aquilo que é feito de maneira profissional, ou seja, aquilo que é feito seguindo preceitos de um determinado conjunto social.

A palavra deriva de profissional, que por sua vez deriva de profissão. Profissão, em sua raiz etimológica, vem do latim Pro “à frente (dos outros)” + Fateri “reconhecer, confessar (suas escolhas – ou preferências)”.

Desse modo, profissional é aquele que confessa sua adesão à determinado grupo (a determinada ordem) e se compromete a seguir as convenções deste. Logo, profissionalismo é o profissional ou a organização (reforço o uso da palavra “organização” pois quero me referir a toda e qualquer forma de organização societária – ongs, empresas, sociedades anônimas, associações, conselhos) que age de acordo com os preceitos estabelecidos pela sua profissão – pela sua “religião”.

Mas vamos nos divertir um pouco agora:

  1. Tatuador

As empresas, principalmente em tempos de crise, costumam optar pela contratação de profissionais mais jovens, muitas vezes recém-formados, pois estes costumam ser mais baratos. O problema é que tem um componente da valorização de um profissional que se chama experiência. Costumamos pensar no profissional em termos de suas competências, que nada mais são do que o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (clique aqui para ler mais sobre competências), e para se obter conhecimento e, principalmente, habilidades, é preciso tempo e exposição às situações (problemas, desafios, crises, frustrações, realizações).

Claro que o jovem, o recém-formado, tem muito a contribuir – tem grande importância: imprime energia e inovação. O problema que estou tratando é expor um jovem a complexidades além das quais conseguiria suportar.

Outro ponto interessante deste vídeo é a brincadeira com os tutoriais disponíveis na internet. Realmente há muita informação, muito conteúdo, muito conhecimento na rede – tudo isso à nossa disposição, aumentando assim a pressão evolutiva nos profissionais. Eu não posso ser apenas bom, o básico já está disponível nas redes, eu tenho que ser um verdadeiro artista.

  1. Michelangelo

E por falar em ser um verdadeiro artista, vida de artista não é nada fácil. Estou usando o termo “artista” no sentido de profissionalismo, ou seja, emprego artista como sendo um profissional que se diferencia dos demais.

Muitas vezes nos sujeitamos a trabalhos mal remunerados simplesmente pelo potencial de exposição e desenvolvimento. Mas muito cuidado: não podemos nos depreciar ou se deixar abusar!

Outro ponto interessante deste vídeo é a capacidade de negociação, mais precisamente persuasão. Ele insiste, argumenta, e enquanto não apresenta o projeto não sossega.

  1. Spoleto

O vídeo do Spoleto mostra o problema da falta de profissionalismo (na verdade trata-se mesmo é da falta de educação. Este profissional não adotou nenhum sistema de agrupamento social).

Trata-se sim da falta de paciência, de respeito e atenção para com o cliente. O alerta que quero deixar é justamente esse: os profissionais que lidam diretamente com o cliente têm que ter muito, mas muito profissionalismo, afinal é ele quem paga nosso salário, não é mesmo?!?

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Bom lembrar que profissionalismo é o mínimo que se espera de um profissional, afinal, profissionalismo é atuar de acordo com as regras, normas e convenções de cada profissão, de cada cargo ou função – é algo pré-estabelecido, esperado. Seu cliente (interno ou externo) e seu chefe já criou essa expectativa.

Portanto, convido você a ir além: a superar expectativas! entregar mais do que fora convencionado, ir além, encantar – fazer de sua profissão uma verdadeira obra de arte.

Espero que tenha se divertido. Caso afirmativo, compartilhe, curta, comente! Dia 08/07 publicarei a parte 4 – tratando de Comunicação.

As lições de porta dos fundos para o mundo corporativo – Parte 1

As lições de porta dos fundos para o mundo corporativo – Parte 2

A morte da ascensorista

Fui a um grande e tradicional prédio do centro da cidade que há muito não visitava – coisa de uns 15 anos, aproximadamente. Fiquei impressionado com a modernização que fizeram. Trocaram piso, colocaram pedras nas paredes, muitos vidros. Mas o que mais me chamou a atenção foi a modernização dos elevadores.

Agora funciona assim: ao passar seu cartão de acesso pela catraca, um pequeno visor indica qual o elevador você deve pegar – não há botões para chamá-lo. Você entra no mesmo (sim, digo “o mesmo” pois é sempre bom reforçar: antes de entrar verifique se “o mesmo” encontra-se neste andar) e não precisa apertar pelo andar, ele segue diretamente para o piso que fora programado.

Fiquei maravilhado com a inovação. Como é linda a tecnologia! Mas ai me lembrei de um fato que ocorrera quando das minhas visitas anteriores àquele prédio. Certa vez, saindo do elevador, fui tirar o cartão de acesso do bolso para devolvê-lo à recepcionista, mas veio junto com ele uma nota de R$ 50,00, que caiu no chão. Naquele momento a simpática ascensorista me gritou, muito educadamente, alertando para o fato. Virei-me, olhei para a nota no chão, olhei sorrindo para ela, peguei a nota e voltei para agradecer. Criamos uma cordial relação, ela sempre simpática me desejava bom dia e alegrava meu dia com seu sorriso e seus comentários a respeito do clima.

Naquele instante surgiu-me a pergunta: por onde andam as ascensoristas? E mais, o que andam fazendo depois de terem perdido o emprego para esses modernos sistemas condutores de passageiros?

Acho que elas foram extintas, afinal nunca mais as vi pelos elevadores por onde andei. Teriam sido assassinadas? Morreram de fome, vitimadas pela moderna tecnologia? E de quem é a culpa afinal? Daqueles que criam e promovem máquinas, computadores com seus sistemas e aplicativos, ou seriam elas mesmas as culpadas por não perceberem a ameaça, para reagirem a contanto? E se nada fizeram, poderíamos considerar isso um suicídio? Agora já não mais importa, Inês é morta.

Mas quantos outros como elas morreram? Lanterninhas, datilógrafos, telefonistas, cocheiros, acendedores de lampião? Secretárias abram seus olhos; pilotos fiquem atentos – já temos aeronaves não tripuladas. Recentemente estive em uma fábrica de uma grande multinacional do setor de agroquímicos onde apenas 5 profissionais operavam toda uma enorme fábrica.

O sociólogo Italiano, Domenico De Masi, já fez o alerta: a tecnologia já substituiu o trabalho braçal e operacional, que agora é feito pelas máquinas. A computação vai substituir o trabalho executivo. Nos resta apenas o trabalho criativo – esse, pelo conhecimento que até então temos, ainda não sofre ameaça de substituição.

Se tratarmos a morte de maneira religiosa, espiritualista ou mesmo mitológica, podemos conceber que a ascensorista morreu para renascer em outro plano, ou seja, ela se transformou. Fiquemos então atentos às transformações tecnológicas a nossa volta, sendo agentes ativos da nossa próxima mutação.

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Gostou do artigo? Leia o conto: “A morte da ascensorista“.

Artigo originalmente publicado no Olhar Digital em 19/01/15

Crowdsourcing: Competências

Competência é um termo muito usado ultimamente na comunidade de recursos humanos e no mundo organizacional. A evolução da ciência da administração, principalmente no que concerne a gestão de pessoas, chegou na “era” da Gestão por Competências – que consiste em contratar, promover, remunerar, premiar e gerir os recursos humanos segundo os níveis de competências do funcionário.
É uma metodologia interessante, devidamente alinhada à meritocracia e que tem uma forte restrição: o alto grau de subjetividade.
A subjetividade já se inicia com a definição do próprio termo. Competência se origina do Latim competere, de com (junto) + petere (disputar, procurar, inquirir), portanto, carrega consigo o sentido de disputa, competição, luta; assim como o sentido de procura, inquisição, investigação – algo aparentemente bem diferente do sentido que usamos na Administração de Recursos Humanos, mas vejamos:
O primeiro sentido, o de luta, disputa ou competição – é plenamente condizente com os tempos modernos, haja visto que nunca se viu tanta competição quanto nos tempos de hoje – a luta pelo dinheiro do cliente, a luta por um emprego.
O segundo sentido, o de procura, inquisição ou investigação, leva ao uso jurídico da palavra, que acabou por significar jurisdição ou autoridade conferidas a um juiz ou a um tribunal – os devidos responsáveis pela procura e inquirição: aqueles notoriamente detentores do conhecimento.
Diante disso, uma pessoa competente é aquela com capacidade de vencer uma competição, logo, pode ser a ela conferida autoridade para executar ou liderar determinado grupo ou determinada situação.

competencia 1

Gosto da definição da Maria Tereza Leme Fleury que, além dos conceitos: conhecimento, habilidade e atitude, acrescenta o “resultado” – no quadro abaixo: “que agreguem valor econômico”.

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Agora que já conseguimos um bom entendimento do conceito de competências, vem o pior: colocar esse conceito em prática, ou seja, (1) determinar o quanto uma pessoa é competente e (2) como me tornar competente.

Para “medir” o quanto uma pessoa é competente, temos que mais uma vez definir competência, só que agora uma competência em específico, por exemplo, competência em “Foco no cliente”. O que é ter foco no cliente? O que faz uma pessoa para podermos afirmar que ela tem foco no cliente? Como se comporta? Quais são os conhecimentos, habilidade e atitudes necessárias? Que tipo de resultado produz?

Como podem ver, tenho muitas perguntas, mas poucas respostas! Vamos aproveitar a maravilha da internet, das redes sociais para construirmos juntos esse conceito? Convido você a deixar sua opinião, suas respostas para os questionamentos acima. Deixe nos comentários abaixo ou no inbox. Participe desse crowdsourcing!

Na semana que vem, após compilar todas as opiniões, teremos melhor condição de discutir competências e, principalmente, de falar sobre (2) como desenvolvê-las.

Vamos montar juntos esse quadro:

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Considerações sobre Pós-Graduação

A editora Segmento lançou no início do ano o seu Guia de Pós-Graduação e MBA 2016, que por sinal está excelente, e por isso gostaria de compartilhar alguns pontos que considerei importantes – além de recomendar a leitura, é claro.

Do objetivo

Todas as opiniões expressas nas entrevistas, artigos, reportagens da revista são unânimes: A pós-graduação tem que visar a obtenção de conhecimento prático para gerar resultados diretos e papáveis no trabalho! Querer realizar uma pós-graduação apenas para acrescentar ao currículo é bobagem. O que foi, e sempre será de maior valia em um currículo são os resultados alcançados.

Outro aspecto importante é que a escolha do curso deve atender a um contexto maior: o de um plano de carreira. Deve-se primeiramente definir aonde se quer chegar em termos profissionais, para então avaliar as competências que deverão ser adquiridas, em quais momentos e de que forma – por isso é necessário muito autoconhecimento e maturidade profissional.

Desse modo, os genuínos objetivos de uma pós-graduação são:

  • Atendimento a um plano de carreira;
  • Obtenção de resultados;
  • Aprendizado e conhecimento;
  • Troca de experiências e network;

Dos perfis

É preciso entender que as pós-graduações primariamente se dividem em: cursos generalistas e cursos de especialização.

Os cursos de perfil generalistas se preocupam mais com a visão ampla (do todo) e de gestão de negócios, enquanto que os de cunho especialista se preocupam com a profundidade do conhecimento técnico.

Há espaço no mercado para os dois perfis de profissionais. Se perguntar qual dos dois é melhor a resposta sempre será: depende. Os generalistas adquirem visão mais estratégica e de gestão empresarial enquanto os especialistas adquirem competências extremamente técnicas, de modo que os ambos podem levar ao crescimento e desenvolvimento profissional.

Se por um lado um profissional generalista tem mais chance de ascender aos cargos executivos, por outro, o especialista, tem mais chance de ascender aos cargos de liderança de grandes departamentos de P&D, por exemplo – gerenciando orçamentos e equipes cada vez maiores e projetos mais complexos.

Portanto, o melhor a fazer é optar por aquele que tem mais a ver com você – de acordo com seu plano de desenvolvimento -, assim terás melhor chance de sucesso.

Das modalidades

As pós-graduações se dividem em:

Stricto Sensu: que são os cursos de natureza “especialista”, que formam pesquisadores e docentes, conferindo-lhes títulos de mestre (acadêmico ou profissional) e doutor.

Quando me refiro a pesquisador, não estou tratando apenas de pesquisa em academias ou institutos, mas também pesquisa pura dentro das empresas: como é o caso das farmacológicas, engenharias diversas, químicas, de tecnologia da informação – enfim, qualquer empresa que invista em pesquisa e desenvolvimento.

Lato Sensu: são cursos diretamente voltados à prática profissional e a gestão de negócios, como as especializações (dos mais diversos formatos, áreas e tamanhos) e os MBA´s (Master Business Administration),

Desse modo temos:

  • Especialização
  • MBA´s
  • Mestrado acadêmico
  • Mestrado Profissional
  • Doutorado

Do momento

Tem alguns fatores muito importantes para se determinar se é o momento certo para se iniciar um projeto desse porte. É preciso ter ciência de que qualquer pós-graduação exigirá dois dos mais importantes recursos da atualidade: tempo e dinheiro.

Portanto, primeiramente se faz necessário uma rígida analise a respeito da disponibilidade financeira para investimento e do tempo de retorno desse capital – é sabido que os cursos não são baratos e que o retorno não é imediato. E em seguida uma análise do tempo disponível para os estudos. Não só o tempo em sala de aula, mas, principalmente, o tempo para leituras, trabalhos rotineiros e trabalhos de conclusão. É necessário muita disciplina, foco e organização

É importante também fazer uma verificação quanto a sua estrutura de apoio, ou seja, o quanto sua família (esposa/marido, mãe/pai), sua equipe (chefe, subordinado, pares, babá, empregada doméstica) e a tecnologia (tablets, gadjets, computadores, softwares, inter e intranet) poderão auxiliá-lo nessa empreitada.

Negociar com o cônjuge e com os filhos é muito importante, afinal eles terão um grande concorrente por seu tempo e dinheiro – o MBA tem de ser um projeto da família.

Por fim, reafirmo a importância do perfeito alinhamento do curso com seu planejamento de carreira, trazendo assim resultados diretos no desempenho seu e da sua empresa.

E aí, vai encarar?