A pílula da experiência

Alguém aí sabe onde comprar uma pílula que aumente a nossa experiência? Sim, isso mesmo! Hoje em dia tem pílula para tudo: para emagrecer, para ficar tranquilo, para ficar louco, para acabar com a celulite, para conter hiperatividade, para ganhar mais músculos, para ficar acordado, para correr mais rápido… a lista não para! Mas ainda não inventaram a: “Pílula da Experiência”!

Como seria bom hein!? Bastava tomar alguns comprimidos de tantas em tantas horas e: “Tcharam”! fiquei mais experiente! Agora tomo melhores decisões, antecipo melhor os acontecimentos, desafio ainda mais meu status quo, produzo melhores resultados e me torno mais experiente outra vez.

Mas infelizmente as coisas não são bem assim. Todos nós sabemos do preço a ser pago quando forçamos nosso organismo para muito além daquilo que fora projetado: vício, dependência, lesões, doenças! Sendo assim, ainda bem que não inventaram uma pílula para ganharmos experiência, e nem quero que a encontrem. Teremos que conquistar a experiência: com muito suor, sofrimento, alegrias e amores.

A boa notícia é que existem sim algo para acelerar o processo de ganho de experiência: Leitura e Estudo! Através do estudo e da leitura podemos nos apropriar de grande parte da experiência do autor ou do professor, contribuindo assim para o desenvolvimento de novas regras de julgamento que me acompanharão pelo resto da vida. Portanto, estude!

Acontece que só ler e estudar não basta, é preciso se expor a situações adversas ou desconhecidas ou novas ou tudo isso junto. É preciso arriscar! É preciso coragem! É preciso ver o mundo através da lente do desenvolvimento e não do desempenho. Não mais interessa o quanto fiz, mas sim o como poderei fazer melhor da próxima vez. Portanto, exponha-se a novas – como o próprio nome já diz – experiências!

Não se preocupe com os revezes ou dissabores, primeiro porque são eles que ajudam a temperar a vida e segundo por conseguirem nos tirar da zona de conforto, além do mais, tem uma historiazinha circulando pela internet que fala do discípulo que pergunta ao seu mestre:

– “Mestre, como faço para tomar boas decisões”?

E o mestre responde: – “Ganhando experiência”!

Mas o discípulo persiste: – “E como faço para ganhar experiência”?

Finalmente o mestre responde:

– “Tomando más decisões”!

Incrível, não? por isso digo: arrisque-se! coragem!

E o melhor disso tudo é que existe um efeito sinérgico no ganho de experiência: quanto mais experiência ganhamos, mais experiência ganhamos! É mais ou menos assim: conforme adquiro experiência melhor consigo trabalhar meu julgamento, análise de fatos/dados e desafios de maior complexidade. E quanto melhor trabalho os fatos/dados, julgamento e complexidade, mais experiência adquiro – encontrando assim um círculo virtuoso!

Atenção! Profissionais recomendam ministrar essa pílula diariamente. A quantidade? Bem, esta depende muito do que queres da vida!

O trabalhador brasileiro é produtivo?

Estava conversando com um profissional que acabara de conhecer, e após nos aprofundarmos na recíproca apresentação curricular, sabendo que eu era da área de recursos humanos, mais especificamente atuando diretamente no mercado de trabalho, ele me disparou a seguinte pergunta:

– O que você me diz sobre a produtividade do brasileiro?

Fiquei sem resposta. Percebi que nunca tinha refletido muito sobre esse assunto. O máximo que chegara a abordar eram os excessos de reuniões, muitas vezes improdutivas, e o “caminhão” de burocracias. Resolvi então vasculhar um pouquinho a internet e escrever algo a respeito do assunto.

Primeiramente, temos que compreender que a produtividade de um trabalhador pode ser vista como a quantidade de bens ou de valor produzido, dividido pela quantidade de horas trabalhadas. É muito importante esclarecermos bem isso, pois dentro das minhas buscas, encontrei uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) que aponta que o custo de mão de obra para produzir no Brasil subiu, o que não tem nada a ver com a produtividade do brasileiro e sim com o custo de produção, e gerou títulos de matérias e artigos como:

Trabalhador brasileiro tem a menor produtividade entre 12 países 

Produtividade do brasileiro é a que menos cresce durante uma década 

‘Economist’: Trabalhador brasileiro precisa sair de ‘letargia’ para economia crescer

Este último, o da Economist, diz que o brasileiro é preguiçoso e que só pensa em curtir a vida. Portanto, muito cuidado para não confundirmos custo da mão de obra com produtividade do trabalhador. Esta deve ser visto como: quantidade de homens/hora gasta para se produzir “x” Reais.

Desse modo, o melhor indicador que encontrei é o da Conference Board, organização americana que reúne cerca de 1.200 empresas públicas e privadas de 60 países, que apresenta a produtividade dos trabalhadores de um determinado país como sendo a razão do PIB, dividido pela quantidade de trabalhadores empregados.

equacao produtividade do trabalhador

Esse indicador, colocou nós brasileiros como 4 vezes menos produtivos do que o norte-americano, 2 vezes menos produtivos que os chilenos e 0,5 vezes menos produtivos do que os argentinos.

Pronto, está aí a resposta: O trabalhador brasileiro é muito improdutivo, 4 vezes mais improdutivo do que os Estadunidenses!

Não gostei da resposta, como também sou um trabalhador brasileiro vou tentar me defender:

A fórmula proposta tem em seu numerador o PIB, aumentando o PIB, aumentamos a produtividade do trabalhador. São diversos os fatores que impactam no PIB de modo que: alta carga tributária, juros altos, inflação, infraestrutura, regulamentação – afetam sobremaneira o produto dessa equação.

Falar de regulamentação nos leva à burocracia, que impacta nos dois lados do divisor (numerador e denominador), vejamos: a burocracia impacta negativamente no PIB, com PIB menor, menos empregos são gerados – o que já causaria o tal impacto duplo que aqui proponho, mas ainda tem um agravante, a burocracia também onera diretamente o custo da contratação de profissionais, portanto, ainda por cima desestimula a geração de empregos. É um efeito tríplice!

O mais interessante é que diminuir a burocracia exige baixo grau de investimento. Desburocratizar é delegar mais poder a outros atores, é otimizar os processos e procedimentos e informatizá-los. É só ver o que Jack Welch conseguiu ao conclamar uma verdadeira guerra contra a burocracia na GE.

Outro ponto muito discutido em relação ao impacto na produtividade é a tecnologia e inovação. Quanto mais as máquinas e os computadores nos ajudam a trabalhar maior é a nossa capacidade de produção no mesmo espaço de tempo, e ainda mais, menor é a quantidade necessária de empregados, causando assim outro impacto duplo (numerador e denominador).

Desse modo, podemos ver que quando estudamos a produtividade do trabalhador brasileiro este pouco tem de responsabilidade sobre a melhoria de seu desempenho, os fatores que mais pesam na equação são exógenos – tecnologia, recursos, sistemas, gestão.

Tem um fator que ainda não disse e que oferece algum peso à assunção da responsabilidade pela produtividade de nós trabalhadores: Educação. A educação, quando vista de forma macro, é de responsabilidade dos nossos governantes, que devem não só oferecer escolas, universidades e centros de pesquisas, como também fomentar que a iniciativa privada também ofereça.

É de responsabilidade dos governantes, das instituições de ensino e das empresas, garantir o devido alinhamento entre as competências necessárias ao mercado de trabalho e o que se ensina nas escolas – claro que as necessidades da sociedade como um todo também devem ser contempladas, mas meu foco aqui é mercado de trabalho.

As empresas também deveriam investir mais em treinamento, a diferença do gasto das empresas brasileiras em treinamento, comparado às empresas norte-americanas é muito grande.

Mas de forma “micro”, podemos dizer que nós todos somos responsáveis por nos desenvolvermos intelectualmente. Quanto mais domino os recursos dos computadores, gadgets, internet, redes e equipamentos, mais produtivo me torno. Quanto mais competências técnicas, gerenciais, estratégicas eu adquiro, mais produtivo fico.

O funcionalismo público no brasil é outro fator importante. Baixa tecnologia, poucos ou piores recursos ferramentais, estabilidade, benefícios diferenciados, também contribuem para puxar a produtividade do brasileiro para baixo.

Contraponto

Essa equação é muito cruel! Em seu denominador reside a quantidade de profissionais empregados, portanto, se diminuirmos a quantidade de pessoas empregadas e, pelo menos, mantivermos o PIB, aumentaremos o indicador de produtividade. E ainda pior: só posso aumentar a quantidade de empregados se obrigatoriamente aumentar o PIB, pois do contrário o índice de produtividade do trabalhador cairá.

A maioria dos fatores analisados não dependem diretamente de nós, profissionais. Nossa parte é: chegar no horário, matar quantos leões puder no dia, driblar a falta de recursos (material, pessoas, equipamentos) e chegar “vivo” em casa.

Isso me fez lembrar uma lição que aprendi com meu amigo Layzer Melo que dizia “não importa quantos leões você mata por dia, mas sim quantos elefantes indianos você produz”. Infelizmente meu amigo tem razão (não estou dizendo que ele gosta ou apoia isto, mas sim que ele, assim como eu, sofre com isso), muitas empresas prestigiam os maquiadores, políticos, sofistas, enganadores em detrimento dos profissionais produtivos, que mais se preocupam em realizar o trabalho do que ficar contando vantagem e fazendo campanha pelos corredores.

Proponho então uma nova fórmula para o cálculo da produtividade do trabalhador:

equacao produtividade do trabalhador 3

Referências:

Claudia Rolli e Álvaro Fagundes: Um trabalhador americano produz como quatro brasileiros. Folha de São Paulo, 31/5/15.

Pedro Cavalcanti Ferreira: Por que a produtividade do trabalhador brasileiro é tão baixa? Folha de São Paulo, 25/01/2015.

Editorial: Gazeta do Povo: A produtividade do brasileiro

Ruth Costas: Entenda por que a produtividade no Brasil não cresce.

Nota Econômica: Industria brasileira perde competitividade há uma década. Informativo CNI, Ano 1, número 1, janeiro de 2015.

Considerações sobre Pós-Graduação

A editora Segmento lançou no início do ano o seu Guia de Pós-Graduação e MBA 2016, que por sinal está excelente, e por isso gostaria de compartilhar alguns pontos que considerei importantes – além de recomendar a leitura, é claro.

Do objetivo

Todas as opiniões expressas nas entrevistas, artigos, reportagens da revista são unânimes: A pós-graduação tem que visar a obtenção de conhecimento prático para gerar resultados diretos e papáveis no trabalho! Querer realizar uma pós-graduação apenas para acrescentar ao currículo é bobagem. O que foi, e sempre será de maior valia em um currículo são os resultados alcançados.

Outro aspecto importante é que a escolha do curso deve atender a um contexto maior: o de um plano de carreira. Deve-se primeiramente definir aonde se quer chegar em termos profissionais, para então avaliar as competências que deverão ser adquiridas, em quais momentos e de que forma – por isso é necessário muito autoconhecimento e maturidade profissional.

Desse modo, os genuínos objetivos de uma pós-graduação são:

  • Atendimento a um plano de carreira;
  • Obtenção de resultados;
  • Aprendizado e conhecimento;
  • Troca de experiências e network;

Dos perfis

É preciso entender que as pós-graduações primariamente se dividem em: cursos generalistas e cursos de especialização.

Os cursos de perfil generalistas se preocupam mais com a visão ampla (do todo) e de gestão de negócios, enquanto que os de cunho especialista se preocupam com a profundidade do conhecimento técnico.

Há espaço no mercado para os dois perfis de profissionais. Se perguntar qual dos dois é melhor a resposta sempre será: depende. Os generalistas adquirem visão mais estratégica e de gestão empresarial enquanto os especialistas adquirem competências extremamente técnicas, de modo que os ambos podem levar ao crescimento e desenvolvimento profissional.

Se por um lado um profissional generalista tem mais chance de ascender aos cargos executivos, por outro, o especialista, tem mais chance de ascender aos cargos de liderança de grandes departamentos de P&D, por exemplo – gerenciando orçamentos e equipes cada vez maiores e projetos mais complexos.

Portanto, o melhor a fazer é optar por aquele que tem mais a ver com você – de acordo com seu plano de desenvolvimento -, assim terás melhor chance de sucesso.

Das modalidades

As pós-graduações se dividem em:

Stricto Sensu: que são os cursos de natureza “especialista”, que formam pesquisadores e docentes, conferindo-lhes títulos de mestre (acadêmico ou profissional) e doutor.

Quando me refiro a pesquisador, não estou tratando apenas de pesquisa em academias ou institutos, mas também pesquisa pura dentro das empresas: como é o caso das farmacológicas, engenharias diversas, químicas, de tecnologia da informação – enfim, qualquer empresa que invista em pesquisa e desenvolvimento.

Lato Sensu: são cursos diretamente voltados à prática profissional e a gestão de negócios, como as especializações (dos mais diversos formatos, áreas e tamanhos) e os MBA´s (Master Business Administration),

Desse modo temos:

  • Especialização
  • MBA´s
  • Mestrado acadêmico
  • Mestrado Profissional
  • Doutorado

Do momento

Tem alguns fatores muito importantes para se determinar se é o momento certo para se iniciar um projeto desse porte. É preciso ter ciência de que qualquer pós-graduação exigirá dois dos mais importantes recursos da atualidade: tempo e dinheiro.

Portanto, primeiramente se faz necessário uma rígida analise a respeito da disponibilidade financeira para investimento e do tempo de retorno desse capital – é sabido que os cursos não são baratos e que o retorno não é imediato. E em seguida uma análise do tempo disponível para os estudos. Não só o tempo em sala de aula, mas, principalmente, o tempo para leituras, trabalhos rotineiros e trabalhos de conclusão. É necessário muita disciplina, foco e organização

É importante também fazer uma verificação quanto a sua estrutura de apoio, ou seja, o quanto sua família (esposa/marido, mãe/pai), sua equipe (chefe, subordinado, pares, babá, empregada doméstica) e a tecnologia (tablets, gadjets, computadores, softwares, inter e intranet) poderão auxiliá-lo nessa empreitada.

Negociar com o cônjuge e com os filhos é muito importante, afinal eles terão um grande concorrente por seu tempo e dinheiro – o MBA tem de ser um projeto da família.

Por fim, reafirmo a importância do perfeito alinhamento do curso com seu planejamento de carreira, trazendo assim resultados diretos no desempenho seu e da sua empresa.

E aí, vai encarar?