Recomeçar

Recomeçar nunca é fácil, já começar, por exemplo, é mais fácil: é o novo, é uma escolha – é quando resolvemos iniciar algo, é uma opção – ninguém começa algo que não queira começar, não é mesmo? Mas recomeçar é diferente: é ter de fazer novamente algo que já foi feito, é reconstruir, recuperar algo que um dia existiu. Isto envolve uma sensação de retrabalho, logo, um sentimento de desperdício de recursos.

Mas será que é mesmo um desperdício de recursos? Talvez recomeçar possa ser uma oportunidade de transformação e de evolução. Quando se constrói algo pela segunda vez, tem-se a oportunidade de aproveitar a experiência anterior para realizar algo deveras superior – pode-se adequar às novas realidades do mercado, às novas tecnologias e, com certeza, não incorre-se os mesmo erros.

Recomeçar é um investimento compulsório – é quando você não escolhe investir, mas é escolhido: normalmente um intempérie climático, um acidente, uma crise econômica, uma demissão. Mas muito cuidado ao transferir as causas a fatores externos – em quase todos os casos existe uma participação nossa no evento – procurar sua parcela de culpa é o melhor exercício para o recomeço – é onde podemos enxergar claramente o que fazer diferente na próxima vez.

Em nosso trabalho de consultoria assistimos a muitos profissionais em momento de transição de carreira – profissionais que foram desligados de seus empregos e que estão em busca de uma nova posição no mercado de trabalho, ou em alcançar o sucesso em algum empreendimento. Posso falar com propriedade sobre casos de pessoas que:

– arrumaram um novo, e melhor,  emprego

– realizaram grandes mudanças de carreira, e hoje se sentem realizadas

– empreenderam e se realizaram como donos de seus próprios negócios

As vezes é preciso um empurrão para tomarmos coragem!

Resido e trabalho no bairro Sumaré, em São Paulo, onde há uma lanchonete que conheço desde da minha tenra infância – na  verdade ela já existia bem antes de eu nascer. É uma lanchonete famosa devido a sua tradição e por ser vizinha da antiga TV TUPI, depois SBT, depois MTV e mais recentemente (não exatamente no mesmo prédio) ESPN.

Até o ano passado era essa sua fachada:

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Quando então sofreu um grande golpe: a queda de uma das grandes e tradicionais árvores do bairro, durante as ordinárias chuvas de monções de São Paulo:

Recentemente estive lá para almoço e fiquei maravilhado com a mudança:

Não só mudaram sua estrutura física, como também o cardápio e mantiveram o bom atendimento. Com certeza foram obrigados a fazê-lo, com certeza precisaram de muito dinheiro para tanto, mas não tenho dúvida do retorno (assim como seus proprietários). O cardápio não sofreu com o impacto da árvore, mas ele também foi “recomeçado”.

Não quero parecer hipócrita a discursar sobre motivações para o recomeço – sei  que existem perdas irreparáveis, como quando se perde um ente querido, por exemplo, onde recomeçar sem a pessoa amada é tarefa que beira o impossível, mas é preciso enxergar toda e qualquer oportunidade para seguir em frente, pois, na verdade – e com o perdão da franqueza, só existem duas opções: “recomeçar ou recomeçar”! Qual você escolhe?

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Fonte das Fotos:

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/05/1771935-fachada-de-lanchonete-e-destruida-pela-chuva-em-perdizes-em-sp.shtml

http://exame.abril.com.br/brasil/tempestade-deixa-1-morto-8-feridos-e-bairros-sem-luz-em-sp/

https://www.yelp.com.br/biz_photos/real-s%C3%A3o-paulo-2?select=w7XZvH7kgRmZfZ4wlzmwkg