Contrate pelo Potencial, e não só pelas competências!

O tradicional modelo de contratação por competências já está ficando defasado: carente de um “up grade”. O fato é que o conceito de competências está fundamentado na crença de que “o desempenho passado pode predizer o desempenho futuro”, ou seja: se um determinado profissional mobilizou conhecimento, habilidades e recursos com maestria, produzindo assim excelentes resultados a probabilidade que ele consiga repetir tal feito em outras situações é grande – grande o suficiente para contratá-lo!

Mas acontece que os negócios estão ganhando complexidade em proporções exponenciais. Fenômenos como: rupturas tecnológicas, competitividade entre as empresas e globalização estão tornando praticamente impossível predizer o desempenho de profissionais – tamanho grau de alteração do contexto.

A solução para melhorar a assertividade nos recrutamentos é a avaliação do potencial do profissional, e não só das competências – essa é a proposta de Claudio Fernández-Aráoz, em seu artigo: Caça a talentos no século XXI, publicado na edição de julho de 2014 na Harvard Business Review.

Fernández-Aráoz entende potencial como “a capacidade de se adaptar e crescer em cargos e ambientes cada vez mais complexos”; “capacidade de aprender, crescer e se adaptar a novos ambientes” e propõe uma forma para medi-lo, através de 5 indicadores:

Motivação: pessoas com alto potencial têm grandes ambições e querem deixar sua marca (mas isso através de metas coletivas e objetivos altruístas) e ao mesmo tempo demonstram humildade pessoal.

Curiosidade: buscam novas experiências e conhecimentos. São abertos à aprendizagem e a mudança.

Percepção: é a capacidade de reunir e dar sentido a informações que indicam novas possibilidades.

Engajamento: habilidade para usar a emoção e a lógica para comunicar uma visão convincente e conectar-se com as pessoas.

Determinação: esforço necessário para lutar por objetivos difíceis, desafios e recuperar-se da adversidade.

Claro que podemos dizer que esses 5 indicadores não deixam de ser como 5 competências: motivação, curiosidade e determinação são atitudes; percepção e engajamento são habilidades e todas essas 5 são proporcionalmente potencializadas conforme o nível de conhecimento. De qualquer forma, o conjunto dessas competências conferem ao indivíduo a capacidade de aprender, adaptar e crescer em ambientes complexos e em profunda transformação.

Não posso deixar de lembrar que: de nada adianta contratar um HiPo (abreviação de “higth potential” – profissional de alto potencial) e não lhe dar autonomia, ou ainda pior: não desafiá-lo!

Quero concluir o artigo com essa frase do Fernández-Aráoz:

“Empurrar seus altos potenciais para cima numa escada reta em direção a mais trabalhos, orçamentos e equipes vai dar continuidade ao crescimento deles, mas não vai acelerá-lo. Atribuições diversas, complexas, desafiadoras e desconfortáveis vão”.