A pílula da experiência

Alguém aí sabe onde comprar uma pílula que aumente a nossa experiência? Sim, isso mesmo! Hoje em dia tem pílula para tudo: para emagrecer, para ficar tranquilo, para ficar louco, para acabar com a celulite, para conter hiperatividade, para ganhar mais músculos, para ficar acordado, para correr mais rápido… a lista não para! Mas ainda não inventaram a: “Pílula da Experiência”!

Como seria bom hein!? Bastava tomar alguns comprimidos de tantas em tantas horas e: “Tcharam”! fiquei mais experiente! Agora tomo melhores decisões, antecipo melhor os acontecimentos, desafio ainda mais meu status quo, produzo melhores resultados e me torno mais experiente outra vez.

Mas infelizmente as coisas não são bem assim. Todos nós sabemos do preço a ser pago quando forçamos nosso organismo para muito além daquilo que fora projetado: vício, dependência, lesões, doenças! Sendo assim, ainda bem que não inventaram uma pílula para ganharmos experiência, e nem quero que a encontrem. Teremos que conquistar a experiência: com muito suor, sofrimento, alegrias e amores.

A boa notícia é que existem sim algo para acelerar o processo de ganho de experiência: Leitura e Estudo! Através do estudo e da leitura podemos nos apropriar de grande parte da experiência do autor ou do professor, contribuindo assim para o desenvolvimento de novas regras de julgamento que me acompanharão pelo resto da vida. Portanto, estude!

Acontece que só ler e estudar não basta, é preciso se expor a situações adversas ou desconhecidas ou novas ou tudo isso junto. É preciso arriscar! É preciso coragem! É preciso ver o mundo através da lente do desenvolvimento e não do desempenho. Não mais interessa o quanto fiz, mas sim o como poderei fazer melhor da próxima vez. Portanto, exponha-se a novas – como o próprio nome já diz – experiências!

Não se preocupe com os revezes ou dissabores, primeiro porque são eles que ajudam a temperar a vida e segundo por conseguirem nos tirar da zona de conforto, além do mais, tem uma historiazinha circulando pela internet que fala do discípulo que pergunta ao seu mestre:

– “Mestre, como faço para tomar boas decisões”?

E o mestre responde: – “Ganhando experiência”!

Mas o discípulo persiste: – “E como faço para ganhar experiência”?

Finalmente o mestre responde:

– “Tomando más decisões”!

Incrível, não? por isso digo: arrisque-se! coragem!

E o melhor disso tudo é que existe um efeito sinérgico no ganho de experiência: quanto mais experiência ganhamos, mais experiência ganhamos! É mais ou menos assim: conforme adquiro experiência melhor consigo trabalhar meu julgamento, análise de fatos/dados e desafios de maior complexidade. E quanto melhor trabalho os fatos/dados, julgamento e complexidade, mais experiência adquiro – encontrando assim um círculo virtuoso!

Atenção! Profissionais recomendam ministrar essa pílula diariamente. A quantidade? Bem, esta depende muito do que queres da vida!

Recomeçar

Recomeçar nunca é fácil, já começar, por exemplo, é mais fácil: é o novo, é uma escolha – é quando resolvemos iniciar algo, é uma opção – ninguém começa algo que não queira começar, não é mesmo? Mas recomeçar é diferente: é ter de fazer novamente algo que já foi feito, é reconstruir, recuperar algo que um dia existiu. Isto envolve uma sensação de retrabalho, logo, um sentimento de desperdício de recursos.

Mas será que é mesmo um desperdício de recursos? Talvez recomeçar possa ser uma oportunidade de transformação e de evolução. Quando se constrói algo pela segunda vez, tem-se a oportunidade de aproveitar a experiência anterior para realizar algo deveras superior – pode-se adequar às novas realidades do mercado, às novas tecnologias e, com certeza, não incorre-se os mesmo erros.

Recomeçar é um investimento compulsório – é quando você não escolhe investir, mas é escolhido: normalmente um intempérie climático, um acidente, uma crise econômica, uma demissão. Mas muito cuidado ao transferir as causas a fatores externos – em quase todos os casos existe uma participação nossa no evento – procurar sua parcela de culpa é o melhor exercício para o recomeço – é onde podemos enxergar claramente o que fazer diferente na próxima vez.

Em nosso trabalho de consultoria assistimos a muitos profissionais em momento de transição de carreira – profissionais que foram desligados de seus empregos e que estão em busca de uma nova posição no mercado de trabalho, ou em alcançar o sucesso em algum empreendimento. Posso falar com propriedade sobre casos de pessoas que:

– arrumaram um novo, e melhor,  emprego

– realizaram grandes mudanças de carreira, e hoje se sentem realizadas

– empreenderam e se realizaram como donos de seus próprios negócios

As vezes é preciso um empurrão para tomarmos coragem!

Resido e trabalho no bairro Sumaré, em São Paulo, onde há uma lanchonete que conheço desde da minha tenra infância – na  verdade ela já existia bem antes de eu nascer. É uma lanchonete famosa devido a sua tradição e por ser vizinha da antiga TV TUPI, depois SBT, depois MTV e mais recentemente (não exatamente no mesmo prédio) ESPN.

Até o ano passado era essa sua fachada:

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Quando então sofreu um grande golpe: a queda de uma das grandes e tradicionais árvores do bairro, durante as ordinárias chuvas de monções de São Paulo:

Recentemente estive lá para almoço e fiquei maravilhado com a mudança:

Não só mudaram sua estrutura física, como também o cardápio e mantiveram o bom atendimento. Com certeza foram obrigados a fazê-lo, com certeza precisaram de muito dinheiro para tanto, mas não tenho dúvida do retorno (assim como seus proprietários). O cardápio não sofreu com o impacto da árvore, mas ele também foi “recomeçado”.

Não quero parecer hipócrita a discursar sobre motivações para o recomeço – sei  que existem perdas irreparáveis, como quando se perde um ente querido, por exemplo, onde recomeçar sem a pessoa amada é tarefa que beira o impossível, mas é preciso enxergar toda e qualquer oportunidade para seguir em frente, pois, na verdade – e com o perdão da franqueza, só existem duas opções: “recomeçar ou recomeçar”! Qual você escolhe?

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Fonte das Fotos:

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/05/1771935-fachada-de-lanchonete-e-destruida-pela-chuva-em-perdizes-em-sp.shtml

http://exame.abril.com.br/brasil/tempestade-deixa-1-morto-8-feridos-e-bairros-sem-luz-em-sp/

https://www.yelp.com.br/biz_photos/real-s%C3%A3o-paulo-2?select=w7XZvH7kgRmZfZ4wlzmwkg

Conversas sobre carreira e desenvolvimento

Nesta semana assessorei um profissional na sua candidatura à um recrutamento interno – uma nova posição gerencial que abriu em sua companhia. Foi um trabalho bem interessante: estava diante de um bom profissional, montamos uma boa estratégia de apresentação e ainda me inspirou a escrever este artigo.

O fato é que achei interessante reforçar a importância das conversas sobre carreira, principalmente com aqueles que possuem maior poder de influência sobre ela, por exemplo: chefe, cônjuge, pais, professores, empreendedores e especialistas em carreira.

#1Dica: mapeie as pessoas mais influentes em sua rede.

Cada uma dessas pessoas desempenham um papel diferente em nossas vidas, portanto, a conversa deve ser distinta uma das outras, isso porquê: o 1) grau de intimidade, liberdade, dependência, concorrência; 2) interesses, divergências e congruências com seus objetivos – variam de acordo com cada papel.

Todas as pessoas são importantes, cada qual em um aspecto: um pai quererá apenas o seu melhor, mas baseará a conversa segundo suas experiências; o cônjuge poderá se preocupar com a segurança e estabilidade da família; o chefe carregará consigo seus interesses e os da organização, porém é quem fornece maior influência.

#2Dica: prepare-se para cada conversa.

Portanto, reflita sobre os interesses e poder de influência de cada conselheiro e defina seu objetivo para a conversa sobre carreira.

A primeira coisa que pergunto quando um profissional almeja outro cargo dentro da sua organização é: Seu chefe está sabendo? Primeiro: se ele estiver apoiando, suas chances serão absurdamente maiores: não há nada melhor do que o endosso do chefe imediato; segundo: é sinal de que vocês têm uma boa relação e que conversam sobre carreira.

#3Dica: se você é gestor, provoque conversas sobre carreira com sua equipe.

É obrigação do chefe manter conversas sobre carreira com seus subordinados. As empresas buscam muito o engajamento – querem profissionais profundamente envolvidos, comprometidos, felizes e produtivos – enquanto os meus objetivos de carreira e de vida forem congruentes com os objetivos da organização em que trabalho, seguirei engajado, portanto, é obrigação do gestor procurar atender (o máximo possível – afinal não é fácil!) a este alinhamento.

#3bDica: se você tem um gestor, provoque conversas sobre carreira com seus superiores.

O contrário também é verdadeiro, ou seja, todo profissional deve procurar se informar sobre o seu desempenho e desenvolvimento, consultando sua chefia ou mesmos outros membros da diretoria, e sobre suas possibilidades e caminhos para sua ascensão.

Peço permissão para terminar este artigo “puxando a sardinha para o meu lado”, aproveitando para reforçar que, aconselhar-se com um especialista em carreira traz basicamente duas grandes vantagens: 1) Isenção total de interesses – o único interesse de um consultor de carreira é o sucesso do seu cliente, afinal, o seu sucesso é o meu sucesso; 2) Vasta experiência – um consultor de carreira carrega consigo não só suas próprias experiências, como também a experiência acumulada de seus clientes: é isso que eu mais amo na minha profissão: a possibilidade de aprender com a grande variedade de experiências dos grandes profissionais que atendo. Portanto:

#4Dica: consulte um especialista em carreira.

Sua empresa saiu no Porta dos Fundos? Episódio 7 (Final) – Inteligência Emocional

Enfim chegamos ao nosso último artigo desta série. Quem não leu (e assistiu) os outros pode acessá-los através dos links no final deste artigo.

Guardei para o último um tema que considero de extrema importância: Inteligência Emocional!

Durante muitos anos as emoções foram deixadas do lado de fora das organizações, enquanto a lógica e a razão eram muito valorizadas. Claro que lógica e razão são modelos mentais fundamentais para o mundo dos negócios: onde somente os mais fortes sobrevivem; mas o que acontece é que as empresas perceberam que é a emoção que move as pessoas.

A criação de valor para as organizações está cada vez mais relacionada ao conhecimento, a criação (inovação) e ao atendimento (prestação de serviços), deste modo, um ser-humano pensante e virtuoso passou a ser condição chave para mais valia.

O profissional hoje tem de saber lidar com: frustrações, jogo político (disputa de poder), idiossincrasias, alta competitividade e até mesmo com o sucesso (evitando os perigos da ambição desmedida, da arrogância e da prepotência). Ufa! Muita coisa, não?

Mas vamos aos vídeos:

O Porta do Fundos fez um vídeo ironizando o “sistema” de atendimento do Spoleto. Neste vídeo podemos ver um atendente completamente impaciente, mais especificamente intolerante.

Bem, esse vídeo não pegou muito bem para o Spoleto, no entanto, eles conseguiram dar a volta por cima. Não sei exatamente de quem partiu a iniciativa e nem as razões que os motivaram a fazer um segundo vídeo, que funcionou como uma retratação, revertendo assim a sua imagem.

Mas o mais importante acontece em relação ao nosso tema: Inteligência Emocional. O vídeo mostra claramente a necessidade e a dificuldade de controlarmos nossos impulsos.

Inteligência emocional, segundo Daniel Goleman é a gestão dos relacionamentos para causar impacto positivo nas pessoas. E para se gerir os relacionamentos são necessários: autoconsciência (ou autoconhecimento), autogestão (ou autocontrole) e consciência social (empatia) –  coisas que claramente a personagem não possuía!

Com este artigo me despeço dessa série – a menos que identifique outros novos vídeos com algum fundo de aprendizado profissional/organizacional.

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Pode ser arriscado, mas a recompensa é grande!

Na semana passada postamos no nosso Instagram (ricardo_xavier_rh) a mensagem que se encontra na imagem do tema deste artigo e uma grande amiga perguntou se tratava-se de um artigo ou se era apenas uma mensagem. Fiquei curioso e a questionei sobre sua expectativa em relação ao desenvolvimento do tema e decidi desenvolver algo a respeito.

“Quanto maior o risco, maior a recompensa” parece ser mais uma das leis da natureza! Digo da natureza, pois ela se aplica desde as coisas mais simples, como a escalada de uma montanha; passando pela adrenalina dos esportes radicais; e chegando aos investimentos do mercado financeiro! Como pode? A regra parece se aplicar a tudo! Podemos então concluir que: é humano!

Mas o que acontece conosco? O faz com que nos submetamos a essa lei?

Quando pensamos em termos de investimentos: mercado financeiro ou empreendimentos fica mais fácil entender, afinal, o risco afasta as pessoas, gerando assim menor concorrência, de modo que, caso o investimento (ou ideia) der certo, você colher-se-á os frutos sozinho. No mercado financeiro é mais ou menos assim: é você apostando contra todos – se perder, terá de pagar todo mundo; mas se ganhar, receberá de todos!

Mas, e quando pensamos numa simples escala nas montanhas? Quando subimos ao cume de uma montanha estamos em contato não só com o risco (a depender da escalada o risco pode ser bem pequeno), como também com o esforço: o que pode potencializar a recompensa: chegar ao cume e relaxar apreciando a bela vista. Quanto maior for o risco e o esforço necessário para alcançar o topo, mais prazeroso será esse relaxamento e a apreciação da vista.

Enfim, damos valor aquilo que é raro! se é arriscado e/ou trabalhoso, poucos o farão!

No mercado de trabalho vemos algumas recompensas (como bônus, premiações e promoções) para aqueles que se dedicam, mas é bem mais difícil vermos recompensas para aqueles que se arriscam. Se um vendedor, por exemplo, adota uma estratégia arriscada em uma negociação com um cliente e a estratégia dá certo, sua percentagem de comissionamento será a mesma (claro que ele poderá ganhar mais por ter vendido por um preço maior, mas aqui fica claro a desproporcionalidade na equação risco x recompensa). Se um gerente assume o risco de um crédito de um cliente e ao final da operação, consegue receber tudo que fora compromissado, ele nada ganhará a mais por isso, em compensação, se o cliente não honrar com os compromissos, há uma grande chance desse gerente pagar o preço com seu emprego. Muitas vezes um atendente que se arrisca, ao fugir do protocolo de atendimento, para resolver uma queixa do cliente, e obtém êxito não recebe nem mesmo um parabéns por parte da chefia.

Os profissionais com perfil mais arrojado, mais “agressivos”, têm de ter paciência para passar pelas primeiras fases da carreira – cargos que permitem pouca participação da estratégia -, pois eles só poderão arriscar e obter recompensas proporcionais quando estiverem participando da estratégia ou quando a frente dos negócios. Do contrário, empreenda!

Portanto, só se arrisque, só se esforce, se acreditar que a recompensa será válida – lembrando que recompensa não é só dinheiro – também pode ser: reconhecimento (status), aceitação (pertencimento) e até mesmo: adrenalina!

Cadê a verba do RH?

Em tempos difíceis a primeira coisa que as empresas cortam são os programas de retenção e desenvolvimento de seus colaboradores. Claro que as justificativas são nobres, como por exemplo, cortar em outros “lugares” antes de cortar “na carne”, e isso é válido. O problema é que não são só os recursos financeiros que são subtraídos: o tempo e a atenção da alta direção para esses programas também são automaticamente retirados.

A questão é que os programas de retenção e desenvolvimento dos colaboradores deveriam ser perenes, afinal os que melhor funcionam são aqueles amplamente difundidos e enraizados na empresa a ponto de fazerem parte da cultura. Esse é o “x” da questão! Fazer programas de retenção quando o mercado está aquecido e a empresa não quer perder profissionais para a concorrência, ou realizar programas de desenvolvimento apenas quando se tem verba para isto, é jogar dinheiro fora, explico:

– Os programas de desenvolvimento de profissionais devem estar devidamente alinhados à estratégia da empresa, de modo a suportá-la, apoiá-la: portanto, são programas de desenvolvimento de recursos humanos para o melhor cumprimento das metas. Se for pensando dessa maneira, desinvestir no programa representará atraso e/ou não cumprimento dos objetivos organizacionais. Claro que as mudanças do mercado, como a recessão, por exemplo, também afetam a estratégia, portanto, alterações de investimento são necessárias, mas estas devem ser pensadas em termos estratégicos e não em termos de fluxo de caixa.

– Já os programas de retenção, quando exclusivamente baseados em recompensas financeiras, nunca funcionarão em ambientes de crise. Esses programas devem estar fundamentados no alinhamento entre o desenvolvimento do profissional e da empresa – isso é o que chamo de engajamento! Enquanto houver congruência entre os meus objetivos e os objetivos da minha empresa, serei leal e comprometido com ela, mesmo que ela passe por uma crise! Vou além: compreenderei o momento e me esforçarei ainda mais para sairmos juntos dessa!

Parece utópico? Parece poesia? Para mim não! As relações humano/trabalho, humano/empresa vão muito além da nossa racional compreensão. Um simples obrigado, um singelo elogio do chefe motiva muito mais do que imaginamos.

Daniel Goleman, “o pai da inteligência emocional”, em seu último livro: Foco – a atenção e seu papel para o sucesso, relata a descoberta do cientista, Frans Waal, ao estudar os primatas: “quando um chimpanzé vê outro em apuros, ele primeiro imita o comportamento do outro (forma primaria de empatia), depois se aproxima e oferece algum consolo, como tapinhas na costa para acalmá-lo. As fêmeas oferecem com mais frequência esse tipo de consolo do que os machos, com uma exceção intrigante: os machos alfa dão consolo ainda mais vezes. Uma das funções básicas de um líder, parece, é oferecer apoio emocional adequado.

Portanto, muito pode ser feito para a motivação, engajamento, retenção e desenvolvimento dos profissionais com pouco recurso financeiro – é muito mais uma questão de preocupação empática e alocação do foco da alta administração do que dinheiro propriamente dito.

E você, já elogiou ou agradeceu a alguém hoje? Já teve uma conversa sobre desenvolvimento com algum colega?

Sua empresa saiu no Porta dos Fundos? Episódio 6 – feedback

O feedback é tema recorrente no mundo organizacional. As empresas perceberam que: a) as pessoas estão carentes de feedback; b) os profissionais precisam de feedback para saberem como estão desempenhando; c) a maioria dos gestores tem dificuldade em conduzir esse tipo de reunião.

A verdade é que o contexto organizacional dificulta bastante este tipo de conversa – muita coisa está em jogo: a reputação e aceitação do gestor e do subordinado, expectativas de desenvolvimento de carreira, expectativas salariais, comparações com colegas, enfim, o palco em que atuamos nas empresas não é favorável a este tipo de reunião. Já até a apelidaram de fodeback (desculpem pelo termo chulo, mas realmente considerei necessário para a proposta deste artigo).

Ao invés de discutirem a problemática existente nesse contexto, como: alta competitividade entre as empresas, rupturas tecnológicas e complexidade do ser humano (medos, ambições, motivações), preferem criticar esta ferramenta, claro que, propondo uma nova: o feedforward. Não caiam nessa: feedback e feedfoward são para mim a mesma coisa. O problema não é a ferramenta (feedback), mas sim seu uso. O problema está no “operador” e nas “condições de trabalho” (insumos, manutenção, recursos).

O assunto está bom, mas já é hora de diversão. Quem quiser saber mais sobre feedback recomendo a leitura do artigo: A arte de dar feedback.

  1. Bafo

Quem tem coragem de dar esse tipo de feedback? Esse é um dos assuntos mais delicados nos relacionamentos humanos: bafo, CC (mal cheiro nas axilas), vestimenta inadequada. As vezes evitar de magoar a pessoa pode ser na verdade o pior para ela. Mas conduzir este tipo de conversa não é nada fácil mesmo. É preciso certa intimidade, ou mesmo ir direto no assunto: é melhor um terror imediato do que um terrorismo sem fim: fale logo, vá direto ao ponto! Só é preciso respeito, nada mais – muito melhor do que ficar comentando sobre a pessoa pelos corredores, não é mesmo?

  1. Mundo dos negócios

Esse vídeo eu acho genial! Sempre uso em meus treinamentos, pois é muito comum o gestor falar de uma forma que o funcionário realmente não consegue entender, seja porque não tem coragem, seja porque não consegue mesmo se expressar.

Dá para notar o esforço do funcionário em tentar compreender o que o chefe fala. Chega até a fazer perguntas, mas tudo em vão! Mas uma coisa ele compreende com clareza: “o Ricardo do marketing falou …”. Isso ele seu instinto de proteção consegue pegar com facilidade.

Depois de muito tentar, ele desiste e parte para uma estratégia muito mais inteligente: passa a apoiar o que o chefe diz e pede sugestões. A tática funciona e em pouco tempo ele reverte a situação, finalizando a conversa com uma ligação para o Ricardo do Marketing. Simplesmente genial e totalmente condizente com o que vejo acontecer nas empresas – não em todas, é claro. Mas, e na sua, ou com você, já aconteceu?

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Estamos chegando ao final dessa série. No próximo mês tratarei o último assunto: Inteligência emocional. E para quem não leu os anteriores, abaixo encontram-se os links:

3 lições que aprendi com Usain Bolt

Usain Bolt entrou para a história! Suas conquistas são indiscutíveis e sua fama já beira o Mito! Essa mistura de: Jamaica + resultados + simpatia + dancinhas e sorrisos transformou nós brasileiros em fãs.

Eu acompanhei as suas provas e muito do que a imprensa falou sobre o astro e, ao final dos jogos, aprendi com ele algumas lições as quais gostaria de compartilhar:

  1. Sobre concorrência

As melhores marcas atingidas pelo atleta se deram em provas disputadas por grandes concorrentes. Na edição 2016 dos jogos olímpicos, o mito não bateu nenhum recorde e seus ouros foram alcançados com certa facilidade, comprovando a tese do “tubarão no tanque”. Parece que realmente temos uma tendência ao comodismo e que só nos mechemos quando ameaçados.

Mito por mito: Prometeu roubou o fogo de Zeus e o entregou a humanidade e Zeus nos castigou com a inveja, cobiça, emulação

Em uma das baterias das semifinais, Bolt, já classificado, diminuiu o ritimo para poupar energia para as finais. Seu rival, De Grasse, do Canadá, também já estava classificado, portanto assim como Bolt, deveria se poupar – a “regra” estava implícita. Mas graças ao castigo de Zeus, De Grasse tentou superar Bolt, que, ao perceber a aproximação do rival, tratou de acelerar e vencer a prova, alcançando sua melhor marca da temporada.

Imagine ser um atleta e viver na mesma época que Bolt! Imagine ter um concorrente como Bolt! Acho que isso pode ser fonte de inspiração/motivação ou de tristeza/desmotivação – vai depender do quanto você foi tocado por Zeus, não é mesmo?

  1. Trabalho primeiro, lazer depois

Bolt se comporta de maneira extremamente profissional durante os jogos, mas assim que acabam suas provas ele parte para farra! Sim, claro, afinal ele não é um deus, ele é humano e também tem direito a álcool e sexo! Depois que ele morrer será outra história: ocupará sua merecida cadeira ao lado dos deuses do Olimpo, mas por hora ele é humano. Mas um humano responsável: respeita os treinos, as provas, as regras, os adversários e depois de tanto esforço e dedicação pode enfim comemorar, relaxar e gozar sua glória. Como que nas festas dionisíacas da Grécia Antiga ou no Carnaval do Brasil Atual

“E um dia, afinal / Tinham direito a uma / alegria fugaz / uma ofegante epidemia / Que se chamava carnaval / O carnaval, o carnaval” (Chico Buarque)

  1. A internet, seus meios de comunicação e viralização

Não temos mais nenhum controle sobre a comunicação. Qualquer Smartphone pode registrar um vídeo ou uma imagem e esta “ganhar a rede” em poucos minutos. Foi o que aconteceu com Bolt após sua festança dionisíaca, sua companheira não hesitou em tirar e compartilhar fotos com o atleta, afinal, de que adianta “ficar” com o Bolt se ninguém ficar sabendo!

A coisa viralizou de tal maneira, que hoje, ao fazer uma rápida pesquisa sobre o Bolt para terminar este artigo, 5 –  dos 12 resultados da primeira página do Google – destacavam essa fofoca! Caramba, seus feitos atléticos são quase tão importantes quanto seus feitos, digamos, carnais!?!?

Bom, para mim pouco importa. É um grande mito do atletismo moderno, ficará para a história e muito pude aprender com ele – só não aprendi a correr como ele, mas quem sabe um dia ainda alcanço um “pace” (ritmo) abaixo dos 5:45 (minutos/km)!?

5 Dicas para se tornar um profissional de sucesso

O mundo corporativo é cada vez mais exigente. As grandes transformações tecnológicas estão exigindo profissionais criativos, flexíveis e detentores de conhecimentos técnicos e de gestão, ao mesmo tempo. Ademais, essa mesma tecnologia vem provocando a diminuição dos postos de trabalho. Domenico De Masi já disse: “O trabalho operacional foi substituído pelas máquinas e agora o trabalho executivo está sendo substituído por computadores, só nos restará o trabalho criativo”. Se você leu até aqui, “guarde a sílaba “e””

Diante desse cenário, algumas posturas podem ser preditas para a construção de uma sólida carreira profissional:

  1. Selecione as informações

A maravilha da internet nos proporcionou um oceano de informações. Antigamente o desafio era encontrar a informação. Era preciso ir a uma biblioteca e pesquisar minuciosamente seu catálogo e suas enciclopédias. Hoje o problema é outro: filtrar a enorme quantidade de bobagens, inutilidades e, principalmente, mentiras.

A dica é: defina seus autores e seus veículo favoritos. Não perca tempo com os outros, a menos que esteja “zapeando” em busca de um novo “fornecedor”, e se você chegou até aqui, peço agora que guarde a sílaba “ter”

Muito cuidado com os e-books e palestras gratuitas. Não existe almoço grátis, trata-se de livros ou palestras degustativas, ou seja, superficiais, suficiente apenas para lhe deixar com gostinho de “quero mais” – o “pulo do gato” nunca é ensinado.

  1. Estude

Diante de tanta transformação, a melhor escolha é promover a transformação. John Richardson disse: “Existem 3 tipos de pessoas: as que deixam acontecer, as que fazem acontecer e as que perguntam o que aconteceu”.

Para se promover a transformação é necessário muito estudo. Não estou me referindo apenas estudo acadêmico, mas sim de um estudo holístico associativo. A criatividade funcionado de modo errático e associativo, portanto é preciso conhecimento nas mais diversas áreas e formatos. Guarde agora a sílaba “no”.

Muito cuidado: a sociedade te convence de que é preciso formações acadêmicas e te incentivam a pagar uma pós-graduação! Formações são bem-vindas, mas de nada adiantam se não vier junto com a experiência e com outros conhecimentos gerais e culturais.

  1. Molhe a camisa

É preciso muito empenho, muita dedicação. Tiger Wods disse que começou a ter sorte quando passou a treinar 12 horas por dia. Costumamos ver o sucesso dos outros e não paramos para refletir o preço que foi pago para alcança-lo. Muito provavelmente horas de lazer, com a família, foram sacrificadas. E por falar em empenho, se você chegou até aqui guarde agora a sílaba “a”.

Quanto maior a dedicação, maior é o aprendizado prático, experenciado – maior é a aquisição e construção do conhecimento tácito.

  1. Pare de ler textos que dizem “5 dicas para isso, 7 passos para aquilo”

Muito cuidado com esses tipos de posts. Melhor dizendo, cuidado para não cair na armadilha de ler apenas o superficial. Temos a tendência de achar que já sabemos o suficiente e aí lemos apenas os tópicos, quando muito damos uma rápida passada no parágrafo inicial, apenas para confirmar: “ah, isso eu já sabia”. Pare e pense comigo: por que será que você já sabia? Você já sabia porque está realmente lendo um texto superficial, escrito por alguém exatamente com esse propósito – por sinal, se chegou até aqui, segure a sílaba “pren”- o propósito de escrever algo apenas para chamar a atenção, dito de outra maneira: apenas para gerar audiência (page views).

Talvez agora perceba que esse texto também é uma armadilha. Mas é uma armadilha do bem. Fiz a pesca de sílabas exatamente para passar o que há de mais importante neste artigo para aqueles que realmente leem. Até por isso, não aguardarei a conclusão, vou dizer logo agora: junte todas as sílabas passadas com a última – “diz”. Pronto, agora tens o que há de mais importante para se alcançar o sucesso. Encontrou? Então deixe registrado nos comentários, quem sabe assim incentivamos os preguiçosos a lerem com mais atenção. Finalizarei com o último tópico, pois além de ser muito importante, ele nos ajudará a esconder esse parágrafo dos mandriões.

  1. Leia livros, ensaios; faça graduações, cursos

A questão é: leia livros ou ensaios e não posts. Faça formações, graduações, cursos e não palestras ou “webnares” gratuitos. Tenha mentores, professores, líderes, autores. Quando encontrar um bom: leia toda sua obra.

Com isso finalizo a minha singela lista! Sucesso a todos!!!

Ressignificando o trabalho

Já vi muito artigos abordando o significado da palavra “trabalho” como originada do latim Tripalium, que era um instrumento usado pelos Romanos para tortura. Se formos mais longe na história, temos o trabalho como um castigo de Deus, condenando Adão a obter seu alimento com sofrimento e o suor do seu rosto.

Essas histórias e definições nos fazem perceber o trabalho como algo ruim, um castigo. Usamos até a palavra para indicar algo difícil: “isso deu maior trabalho”, “aquilo é muito trabalhoso”.

Acontece que tem alguns detalhes que não são contados:

(1) Tripalium na verdade não era um instrumento de tortura. Ele era uma ferramenta usada para bater e debulhar cereais. Foram os Romanos que criativamente o empregaram na tortura.

(2) Somente muito tempo depois, com o surgimento de outras línguas, é que criamos a palavra “trabalho”. Para os Romanos, e outras civilizações mais antigas, simplesmente não existia a necessidade de usar esse termo. Usava-se diretamente o trabalho em questão, por exemplo: plantar, colher, fiar, cozinhar, serrar, montar, criar. Não havia necessidade de uma palavra que generalizasse todas as atividades de transformação.

(3) Castigo ou dádiva? Imagine como seria o mundo se ainda vivêssemos no paraíso de Adão e Eva. A princípio parece que seria muito bom, mas se lembrarmos de Darwin, com sua teoria da evolução, veremos que não evoluiríamos em nada. Nem a roda teria sido inventada, que dirá o smartphone! Em verdade, é a necessidade que nos motiva. Até por isso que não vejo contraposição alguma entre a Bíblia e Darwin.

Hoje sabemos que o trabalho é fonte de desenvolvimento, aprendizado, relacionamento, pertencimento, sentido de vida, realização pessoal, alegria, status, dinheiro. Mas quero erradicar de vez essas raízes escolástica e romana para que possamos transcender o significado de trabalho, agregando novos entendimento como: cooperação, compaixão, cocriação, responsabilidade social e ambiental.